//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Depois de um acidente de viação que matou toda a sua família e o deixou numa cadeira de rodas, o Dr. Ember decide canalizar um dom que possui desde criança para ajudar pessoas e ao mesmo tempo descobrir a entidade que poderá ter causado a tragédia. Ao que parece, este homem consegue entrar na mente de cidadãos aparentemente “possuídos” e expulsar o “mal” por dentro. O uso excessivo de aspas não é o desejado, é apenas sintoma do esforço que o filme faz para se separar de mil e uma histórias iguais que já nos passaram pela frente. A isto juntamos um miúdo demoníaco e temos xaropada de meia-noite.
Ver este filme é como voltar aos anos 90, mas ao pior dessa década, uma altura em que os hackers usavam cabelos espetados e usavam tatuagens para se distinguirem do estereótipo geek. O conceito não é novo e é desastrosamente executado, a ideia de exorcismo é absolutamente repudiada e tudo tem uma explicação científica mal amanhada, um pouco como as luzes que piscam numa nave espacial. As regras são todas explicadas através de um texto expositivo que parece não acabar, a certa altura parece que estamos a ver um episódio do Serviço de Urgências, onde não percebemos nada do que estão dizer mas deixamo-nos ir porque, pelo menos naquele caso, as coisas acabam por fazer sentido. Os terços e a água benta são substituídos por fios ligados a eléctrodos e computadores com gráficos abstractos, mas o princípio continua a ser o mesmo. Na verdade, retirando o factor sobrenatural a uma história destas, estão a destruir todo o propósito de criar um filme de terror. Para além de sustos fáceis conseguidos com um pico sonoro, não há nada que possa realmente meter medo, a não ser talvez o inédito que é ver alguém a tentar matar um “demónio” à porrada.
Infelizmente não é difícil de imaginar Aaron Eckhart a desempenhar um papel destes. Depois de I, Frankenstein ou London Has Fallen, já esperamos o melhor e o pior deste actor que tem todo o potencial para se tornar num Nicholas Cage sem os problemas financeiros. Não podemos dizer que não seja um desempenho competente, mas isso não é dizer muito dentro deste contexto. Mais irritante do que todo o absurdo da história é o actor que faz de miúdo “possuído”. Por esta altura já é a segunda vez que o vejo num papel semelhante e é com muita força que queremos que o puto morra e tudo acabe prematuramente. Não era um desfecho mau de todo, não há material para hora e meia de filme e há cenas que surgem completamente a despropósito. Sempre que há uma morte é tudo absolutamente inconsequente, pensamos que vai haver uma investigação policial, mas as autoridades parecem assumir que “morte derivada de exorcismo” é justificação que chegue.
Depois de uma excelente execução do conceito no filme A Cela, não há razão para tentar o mesmo nesta fusão de Inception com O Exorcista. O realizador deste bonito serviço ganhou algum crédito depois do êxito de bilheteira que foi San Andreas, mas nunca nos podemos esquecer que é também o responsável por detrás de filmes como Viagem ao Centro da Terra 2: A Ilha Misteriosa e Cães e Gatos: A Vingança de Kitty Galore. Devem evitar a todo o custo este filme que marca a última estreia de terror do ano nas salas de cinema portuguesas. Porquê, 2016?