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Um grupo de cientistas e militares viaja até uma misteriosa ilha para investigar um conjunto de estranhos fenómenos. São liderados pelo excêntrico e misterioso Bill Randa que, trabalhando para o governo, nunca chegou a ter o reconhecimento dos seus pares, em parte por ter criado a teoria de que há monstros a viver em sítios recônditos, prontos a reclamar o planeta como seu. Resta dizer que estamos em 1973 e apanhamos todas estas personagens no dia em que os Estados Unidos da América decidem abandonar o Vietname.
É bom saber que o cinema exploitation ganhou um novo fôlego sob a forma de blockbuster mainstream. Já estamos mais do que habituados a palavras como sequela, remake e reboot, mas há material que se presta a tudo isso sem ser alvo de críticas, até porque sempre foram vistos como franchises. King Kong e Godzilla são duas personagens que, desde muito cedo, povoaram a imaginação da sétima arte, o primeiro foi criado como uma espécie de fábula moderna sobre a natureza invasiva do homem e o segundo como uma materialização orgânica do horror nuclear a que o Japão foi sujeito na Segunda Guerra Mundial. Apesar das suas primeiras incarnações, cedo ganharam novas aventuras em que lutaram contra outros monstros e até ameaças extra-terrestres – apesar de Godzilla ser consistente neste aspecto, sempre houve uma tendência (ocidental) de voltar à história clássica com King Kong. Em 1976, foi a vez de Jeff Bridges e Jessica Lange revisitarem a história de 1933, e em 2005 Peter Jackson decidiu que era preciso voltar a contar a história que já toda a gente sabia. Este filme quebrou esse molde gasto e decide assumir a visão mais trash do imaginário, o que quer automaticamente dizer a mais divertida.
Claro que não foge à tentação de criticar o governo e qualquer tipo de solução militar imponderada, mas faz outra coisa deliciosamente subversora: dá um primeiro plano ao animal e deixa para trás toda a construção excessiva das personagens. Quando queremos ver monstros à bulha dispensamos psiques complexas com nuances que não interessam a ninguém. Mas onde falha em personagens humanas fortes, compensa numa noção estética que nos remete para filmes como Platoon ou Apocalypse Now, trocando-lhes também as voltas ao fazer uma versão banda-desenhada desse imaginário. O que não falta aqui é coerência no estilo adotado. Certo é que muitas das decisões das personagens não fazem qualquer sentido, mas que isso ajuda a contar uma história que não almeja a mais nada que não a diversão, lá isso ajuda. Para além de King Kong, há toda uma panóplia de bichos que nos abrem para um mundo de possibilidades, e quando o nosso símio favorito decide lutar contra uns tantos, o filme torna-se num regalo para os olhos que capta a atenção de nostálgicos e acorda o miúdo adormecido em qualquer graúdo.
Não era preciso este elenco de luxo, mas ajuda. Ajuda principalmente a captar atenções e a legitimar um género que está agora a construir o seu próprio universo – o Monsterverse. Já está anunciado que em 2020 vamos ter King Kong a lutar contra Godzilla, o que já não acontece desde 1962, o que são ótimas notícias para os fãs do género. É possível que mais monstros apareçam, mas podem saber mais sobre isso na sequência pós-créditos do filme.