King’s Speech, obra anterior de Tom Hooper e vencedor dos óscares de melhor filme e realizador de 2011, foi talvez, desde Shakespeare in Love, o maior bluff premiado pela academia. Um filme simplório que, em vez de apostar na força psicológica do contacto entre o rei e o terapeuta e/ou aproveitar a gaguez do monarca para fazer uma reflexão interessante sobre a importância da linguagem na política, opta essencialmente pela exaltação popular dos feitos britânicos, quase ao nível do mais recente e pavoroso The Iron Lady. Não contente com isto, Hooper foi mais longe e decidiu realizar a adaptação musical do clássico Os Miseráveis de Victor Hugo. O resultado é tão mau ou pior que o esperado.