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Nico, 1988
Título Português: Nico, 1988 | Ano: 2017 | Duração: 93m | Género: Biografia, Drama, Música
País: Itália / Bélgica | Realizador: Susanna Nicchiarelli | Elenco: Trine Dyrholm, John Gordon Sinclair, Anamaria Marinca

Nico, 1988 narra os derradeiros dias da cantora germânica. É sobre Nico, mas podia ser sobre qualquer artista em queda, longe dos tempos áureos.

Nico, ou Christa Paffgen, é a musa de Andy Warhol e dos Velvet Underground, mais conhecida por esses tempos, dos anos 60, do famoso disco da banana, do que por tudo o resto. Vinte anos depois, o arranque deste biopic mostra o misto de irritação e nostalgia depressiva por esse passado que já lá vai e não volta, num envelhecimento precoce, marcado também pelas drogas e pelos problemas familiares.

 

Nico: a biopic depois de Velvet Underground, uma artista em queda.

 

Numa digressão amaldiçoada pelo centro da Europa, do lado de cá e de lá da cortina de ferro, o filme da italiana Susanna Nicchiarelli expõe a força emotiva de uma certa decadência, com momentos tão fortes e bonitos, como tristes. Com destaque para a homenagem ao filho ou ao extremo de um pseudo-concerto num hotel, o filme vive dessa tensão interessante e de canções que, ainda com uma banda improvisada e sem a juventude de outros tempos, mantêm uma beleza absorvente. É o caso de Nibelungen ou My Heart is Empty.

Nico não é mesmo Nico, em vários sentidos. Por um lado, estamos perante um biopic e não um documentário e Nico é interpretada por Trine Dyrholm, extraordinária a encarnar a decadência depois da fama efémera, a ausência ou o falso reconhecimento de estrela baseado num passado longínquo e cuja importância muitos desconhecem. Por outro, porque o filme não se esgota na cantora germânica. Por tudo isto, pela força do desempenho da actriz dinamarquesa e pela dinâmica mais abrangente do filme, Nico, 1988 é um retrato peculiar e bem interessante.

Filme visionado na 11ª Festa do Cinema Italiano (Abril 2018)


sobre o autor

Joao Torgal

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