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You’re trying to tell me the F.B.I.’s going to pay me to learn to surf?
Isto e um bando de assaltantes de bancos que usam máscaras dos ex presidentes americanos Reagan, Carter, Nixon e Johnson lançaram o mote para o filme-ícone do surf dos anos 90.
Antes de Point Break, já Baywatch nos tinha mostrado as praias e superfícies brilhantes da Califórnia. Aqui, no entanto, o motor não eram os fatos de banho vermelhos, mas sim as sequências de acção-adrenalina filmadas pela mão destra de uma mulher a Kathryn Bigelow (ex-mulher do James Cameron e primeira e única mulher a ganhar um Óscar para melhor realizador(a) pelo The Hurt Locker).
Johnny Utah (Keanu Reeves) é um agente do FBI inexperiente, destacado para investigar um grupo de criminosos conhecidos como “Ex Presidentes” que tem assaltado bancos usando máscaras dos presidentes norte-americanos sem deixar pistas. Ou pelo menos, sem pistas aparentes. O bronzeado de um assaltante repescado duma câmara de vigilância e o faro do parceiro de Johnny, Angelo Pappas (Gary Busey) veterano, levam a que Johnny se infiltre na comunidade local de surfistas.
E aqui entra o Bodhi (Patrick Swayze) – diminutivo de Bodhisattva que em sânscrito significa «ser de sabedoria». O Bodhi é personificação cinematográfica daquele miúdo fixe do liceu dos anos 90 que passava cera no cabelo e encadernava os cadernos com fotografias azuis dos tubos das ondas. Toda a gente queria ser cool como ele. Tal como o Johnny, que rapidamente se vê seduzido pelo espírito livre do Bodhi no surf, no skydiving e nas namoradas. Do resto reza a história – que não é difícil de adivinhar.
O filme foi um sucesso no cinema e nos clubes de vídeo tendo ficado atrás apenas de Terminator 2: Judgement Day. Imaginem isto hoje: um ano dominado por um casal de realizadores, completamente díspares no estilo, completamente uníssonos no quebrar das fronteiras do grande ecrã. E se é verdade que nunca nos esqueceremos do líquido T-1000, também é verdade que Point Break nos deu das melhores sequências de perseguição em carro e a pé e que foram, desde então, muito replicadas.
Na altura, a estrela maior era o Patrick Swayze que vinha quentinho do título de Sexiest Man Alive da People e tinha atrás de si êxitos como Dirty Dancing (1987), Ghost (1990) e a série Norte e Sul. Já para o Keanu Reeves este foi o filme que começou a definir a sua persona seguindo-se o Speed (1994) e The Matrix (1999). Originalmente, os protagonistas – na versão que seria realizada pelo Ridley Scott – seriam desempenhados pelo Matthew Broderick e pelo Charlie Sheen. Também o Johnny Depp e o Val Kilmer foram considerados para os papéis, mas a melena loira do Patrick Swayze prevaleceu e ainda bem.
Parte da singularidade do Point Break é ser um dos poucos filmes de acção realizado por uma mulher o que, em certa medida, permitiu a Kathryn Bigelow ir mais longe na exposição do machismo-testosterona deste tipo de filmes, jogando com a ironia e (quase) no limite do ridículo.
A outra parte é o imaginário deixado pelo filme – mesmo até à última cena em que o Bodhi desaparece, enfrentando a maior onda da (sua) memória. Vaya com Dios.
Texto por Raquel Sampaio
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)