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Angel Grove é uma pequena cidade rural nos Estados Unidos, aparentemente pacífica e sem nada de notável. Tudo isso muda quando cinco estudantes de liceu, por razões que só o destino pode explicar, encontram uma nave espacial perdida no meio de uma mina de ouro. É também nesse local que encontram cinco medalhões que lhes conferem poderes sobre-humanos. Agora, com a ajuda de um extra-terrestre chamado Zordon e do seu ajudante robot, são incumbidos da tarefa de salvar o planeta de uma vilã acabadinha de acordar, o seu nome: Rita Repulsa.
Este é o reboot cinematográfico da saga Mighty Morphin Power Rangers, uma série de televisão que fez as delícias do público mais jovem na década de 1990 e que gerou um franchise que ainda hoje predura. O responsável por este fenómeno é Haim Saban, um produtor americano que decidiu pegar na série japonesa Super Sentai, retirar só as cenas de luta com os heróis mascarados e juntar-lhe novas cenas com actores americanos. O resto é história. Uma série semanal onde um grupo de jovens, para além de ter de lidar com a vida quotidiana num liceu americano, tinha também de enfrentar uma ameaça intergaláctica. É importante referir que cada Ranger está adjudicado a um robot gigante chamado Zord que, quando acopulado aos seus comparsas, se transforma num robot ainda mais gigante chamado Megazord, a única arma capaz de destruir o monstro escalado para a aventura semanal.
Depois de Mighty Morphin Power Rangers – The Movie e Turbo – A Power Rangers Movie, assistimos aqui a uma versão mais madura e desencantada do que estamos acostumados a ver. Não quer dizer que seja um filme adulto, mas é um filme com mais pontos de contacto com a geração que pretende atingir do que os seus precedentes. O tema da diversidade está sempre presente mas não soa a forçado e consegue integrar-se da melhor maneira na trama. Os Power Rangers são de etnias e sexos diferentes, um deles autista e outro homossexual – tudo ajuda ao tema “Juntos somos mais”, uma mensagem irrepreensível para o filme que é. As personagens são bem construídas, há menções descaradas à improbabilidade das situações e as cenas de acção são divertidas. Um factor importante no sucesso desta produção é o respeito pelo material de origem e por quem cresceu com ele, tudo sem alienar os recém-chegados. É impossível não sorrir quando, a meio de uma batalha ouvimos “Go Go Power Rangers!”.
Mas não é possível ser brando com tudo. O filme tem poucas falhas, mas são fulcrais para se tornar num filme apenas com poucos pontos acima da média aventura teenager com que somos constantemente bombardeados. Não é que os efeitos especiais sejam maus, mas há claros erros de design, especialmente com o Megazord em questão e o mostro que defronta. O primeiro é suposto ser uma amalgama dos veículos de cada um, mas em vez de assistirmos à transformação, esta é escondida por uma explosão e aquilo que vemos a seguir é um robot que não tem quaisquer parecenças com a peças que supostamente o constituem. Já o monstro, que na série é uma personagem que fala e com uma personalidade definida, aqui é só uma amalgama de ouro com um aspecto humanóide que nem cara tem. Podem parecer falhas mínimas, mas ajudam a que a experiência não passe como completa e até meio atabalhoada. Talvez o argumento rejeitado de Max Landis (Chronicle, American Ultra) servisse melhor para corrigir tudo isto.
Uma boa surpresa é a escolha do elenco. Tudo nomes desconhecidos, mas com uma prestação mais do que competente e capaz de nos fazer acreditar na história e na interacção que são forçados a ter. Elizabeth Banks foi claramente a actriz que mais se divertiu durante a rodagem e nota-se. Completamente exagerada e extravagante no papel de Rita Repulsa, mantendo a natureza da personagem original e ao mesmo tempo conferindo-lhe um cariz muito mais ameaçador, em consonância com o tom geral do filme. Infelizmente não há maneira de julgar a performance de Bryan Cranston. Ele não é novo a este universo, tendo já dado voz a algumas personagens da série, mas aqui aparece (maioritariamente) como uma parede que fala e a tradução digital da cara do actor não é a melhor. Imaginem uma parede de alfinetes que assume o relevo da face, é exactamente isso que vemos no ecrã.
Em suma, Power Rangers é um filme que se destaca de todas as outras aventuras com jovens-adultos normalmente associadas à palavra “saga”. Não é demasiado negro, como todo o reboot insiste em ser, e por isso torna-se mais sincero para com o público que pretende atingir. Não é memorável, mas é divertimento inofensivo e genuinamente bem intencionado.