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Still Alice
Título Português: O meu nome é Alice | Ano: 2014 | Duração: 101m | Género: Drama
País: E.U.A. | Realizador: Wash Westmoreland Richard Glatzer | Elenco: Julianne Moore, Kristen Stewart, Alec Baldwin, Kate Bosworth, Hunter Parrish

Baseado no best-seller da escritora e neurocientista Lisa Genova (2007), Still Alice é um one-woman show de Julianne Moore – que aqui protagoniza Alice Howland, uma mulher feliz no casamento, mãe de três filhos adultos e com um percurso académico brilhante como professora e investigadora na área da Linguística, que recebe, com apenas 50 anos, o diagnóstico de um tipo raro e precoce de Alzheimer. Altamente competente e com um QI acima da média, Alice é a primeira a suspeitar da doença e, quando confirmados os seus piores receios, foca-se na preservação das suas capacidades cognitivas, aplicando truques para contornar os cada vez mais frequentes lapsos mnésicos e procurando soluções para conservar a sua identidade face à progressiva perda do raciocínio lógico, da linguagem e da capacidade de comunicar: é a história de uma lutadora e da sua pesada (e inevitável) derrota.

Responsáveis pela adaptação do argumento, os realizadores Wash Westmoreland e Richard Glatzer construíram um filme que alicerça num equilíbrio difícil, descrevendo sem artifícios os graduais constrangimentos da doença, mas escapando, com algum sucesso, a um registo demasiado centrado na questão clínica ou a uma abordagem melodramática da derrocada familiar. A personagem de Alice, uma mulher racional e sem ilusões, possui doses iguais de aceitação e inconformismo face à doença neuro-degenerativa que ela sabe ser incurável, e com isto é também evitada a tónica na apologia do esforço de sobrevivência para lá do razoável (um lugar-comum nos filmes que abordam estes temas); o esforço existe, mas na óptica da preservação funcional dos seus recursos pessoais, profissionais e familiares: ser Alice, ainda. O drama da doença de Alzheimer é exposto do ponto de vista de quem dela padece, o que concede a Julianne Moore o espaço para fulgurar e desenvolver uma personagem muito forte, que a prestação mediana do restante elenco permite ainda mais evidenciar. Kate Bosworth e Hunter Parrish são um tanto superficiais no papel dos filhos mais velhos, e Alec Baldwin é bastante tosco no papel do amantíssimo marido. Apenas Kristen Stewart, uma vez mais a rebelde da história (a filha mais nova que abdica de um percurso académico para se tornar actriz), tem um desempenho suficientemente curioso para instalar a dúvida acerca das suas competências para voos mais altos.

Pouco mais pode dizer-se de Still Alice, excepção feita ao o elogio ao desempenho sem mácula de Julianne Moore. É uma interpretação muito exigente, que implica uma enorme subtileza e contenção emocional, conseguida de forma muito autêntica sem nunca cair na manipulação fácil e sentimentalóide do overacting: a deterioração de Alice encontra tradução nos seus silêncios, nas suas expressões e no seu olhar suspenso, à medida que observamos a perda das noções de espaço e de tempo, da memória e do conhecimento. Em suma, Still Alice é uma produção modesta, que se afasta do melodrama comum graças a uma boa dose de realismo incómodo e à prestação exemplar de Julianne Moore.


sobre o autor

Edite Queiroz

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