//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Robbie é um jovem delinquente escocês que, após uma agressão violenta e uma pena de prisão, procura uma segunda oportunidade junto da namorada (Leonie) e do filho prestes a nascer. O seu principal objectivo é cumprir com eficácia o trabalho comunitário que está a efectuar, arranjar um emprego e seguir um rumo de normalidade. Contudo, o passado teima em manter-se presente, seja pelas represálias dos gangs locais ou pela família de Leonie, gente pouco recomendável e que só o quer ver longe.
Ora bem, lendo o parágrafo anterior, facilmente advinharíamos tratar-se uma pesada crónica social e familiar, com maior ou menor moralismo, e que até poderia pecar por dar uma condescendência pouco credível a Robbie. Acontece que Ken Loach, o destacado realizador britânico que assina o filme, resolve baralhar os dados e passar do realismo dramático para um surrealismo com traços cómicos deliciosos. O mote é dado por uma visita a umas caves e pela presença numa refinada prova de whisky (o título do filme remete para a parte do líquido que se evapora), em que, graças ao sentido de solidariedade do coordenador, estão presentes os elementos do grupo de trabalho comunitário. É aí que, de forma improvável, surge a ideia do roubo de parte de um barril de um raríssimo whisky, prestes a ser leiloado por mais de um milhão de libras. E tem tudo para correr mal…
São célebres, no cinema, alguns gangs britânicos diabólicos. Estão a imaginar a violência do Laranja Mecânica ou o degredo das drogas do Trainspotting? Pois não tem rigorosamente nada a ver. Para além de Robbie, temos uma cleptomaníaca ou o mítico Albert, completamente fora deste Mundo (alguém que nunca ouviu falar da Mona Lisa ou do Castelo de Edimburgo), por vezes com comportamentos algo cliché, mas com momentos de humor a dever aos Monty Python. Se dissermos que este é um gang equipado com kilts (as famosas saias escocesas), percebemos bem o registo em que estamos.
Assim, Loach aborda na mesma questões sociais, como o deseprego ou a justiça em tempos de crise, mas de uma forma descontraída e não panfletária. A espaços, pode deixar-se levar em demasia pela cenário absurdo que cria e pelo pouco cuidado na verosimilhança de algumas sequências, mas este é, acima de tudo, um filme bastante divertido e boa-onda. Só que de um modo nada gratuito.