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Há dez anos atrás, era eu um jovem imberbe (e o Daniel Brühl também), muito impressionável com teorias e ideias de cunho revolucionário, quando vi Os Edukadores, do realizador austríaco Hans Weingartner, aquando a sua estreia nos cinemas nacionais.
De facto, fiquei inebriado, quase estarrecido, com o resultado global desta saga sobre três jovens activistas anti-capitalismo e, sinceramente, ainda padeço dos mesmos sintomas. Aclamado na edição de 2004 do Festival de Cannes, Os Edukadores pode ser uma experiência reconfortante na óptica do espectador – é simples, directo, com um argumento sagaz e universal, que invoca a capacidade e o poder de sonhar, idealizar, lutar pelas próprias convicções e, porque não, lutar também para um mundo melhor (sim, ainda continua a ser importante).
O título da história não é mais do que o próprio nome do grupo (encabeçado pelos protagonistas da história) que invadiam casas de famílias abastadas e reviravam-nas dos pés à cabeça, mudando o sitio dos objectos, transformando-as em autênticas “instalações artísticas” e deixando um recado à consciência de cada um, sobre as desigualdades sociais, mas com uma regra essencial: não roubar qualquer objecto.
Uma premissa encantadora, de contornos heróicos e anárquicos, onde o desenvolvimento da acção narrativa enaltece o seu ponto de partida, cimentado por uma densa teia relacional entre as personagens, entre a inocência e o lado mais negro da realidade social, sem esquecer a consistência narrativa que se encadeia através das diversas nuances de carácter das personagens e as inteligentes/ eléctricas reviravoltas narrativas.
À primeira vista, Os Edukadores, poderia ser perfeitamente confundida como uma obra do movimento dinamarquês Dogma 95, pela sua crueza estilística, ausente de artifícios técnicos e de dialéctica documental, no entanto, esta semelhança é superficial e efémera. Weingartner é menos ambicioso na composição cénica, mais guerrilheiro na técnica, conseguindo, através de uma narrativa de contornos ou ingredientes convencionais, (triângulo amoroso, traição, conflitos geracionais, comunismo versus capitalismo) criar uma obra singular, com um olhar crítico e alarmista sobre a sociedade moderna e simultaneamente respeitar a essência mais pura do cinema – envolver o espectador.
Crítica de Paulo Lopes
A Arte-Factos é uma revista online fundada em Abril de 2010 por um grupo de jovens interessados em cultura. (Ver mais artigos)