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Há um aspecto positivo em The Place. É ele o ponto-de-partida: “a que limites somos capazes de chegar para atingir algo que queremos muito, sejam coisas realmente importantes ou meramente fúteis? Os méritos do filme de Paolo Genovese praticamente terminam aí.
Tomando apenas dois exemplos, Genovese parece ser um realizador que gosta de cenários minimalistas. No filme anterior, Perfetti sconosciuti (Amigos, Amigos, Telemóveis à Parte, na grotesca tradução para português), tudo se passava na mesma casa. Agora, não saímos de um bar, o The Place do título. Acompanhamos os vários encontros entre um conjunto de pessoas e uma espécie de guia espiritual, responsável por satisfazer os sonhos dos clientes, sejam eles a sobrevivência do filho, o fim da cegueira, o regresso da crença em Deus de uma freira ou simplesmente uma mulher ficar mais bonita. Em troca, têm de realizar missões arrojadas, que podem passar por matar, roubar ou violar.
A ideia podia ser boa, mas a concretização é pobre e ultra-superficial e o filme entra numa ritual monótono, sem picos de emoção. A ideia de não sair do bar limita naturalmente a força dos episódios e o cruzamento das várias histórias faz-se em jeito de mosaico de 4ª categoria. Vale a história da velhinha, sem dúvida a melhor personagem, e pouco mais.
Acima de tudo, o principal problema está no protagonista e a responsabilidade não parece estar, de todo, no actor Valerio Mastandrea. Não chegamos a entrar no interior deste guia espiritual, nem sentimos o mistério a adensar-se, até porque as cenas com a funcionária do bar parecem coisa apenas para encher e quebrar a monotonia. E, quando esperamos um final que venha trazer algum sentido ao filme, obtemos uma versão esquentada da piada da bolinha de ping-pong cor-de-rosa.
O filme anterior de Genovese tinha também um ponto de partida interessante: os mistérios escondidos nos telemóveis e o impacto num grupo de amigos da revelação dos segredos mais profundos. Mas não era só isso. Apesar de, num dado momento, perder completamente o foco e o realismo, alimentava bem a tensão durante uma boa parte do filme e tinha um final interessante, que explicava muita coisa. Já The Place é pura psicanálise de cordel.
Filme de encerramento da parte de Lisboa da 11ª Festa do Cinema Italiano