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O mínimo que podemos esperar sempre de Steven Spielberg é que faça uma “Americanada” eficiente e simpática. Mesmos nos momentos menos conseguidos, como a lamechice de AI, o ritmo ultra-arrastado de Lincoln ou a fantasia pouco criativa de BFG, há um limiar de qualidade que nunca é ultrapassado (para baixo). Nesse aspecto, The Post não desilude, mas é mais um filme q.b., que não ultrapassa a mediania
O ponto-de-partida é interessante. Estamos no início dos anos 70, em plena administração Nixon, e o escândalo Watergate ainda é uma miragem. Um conjunto de documentos sobre a Guerra do Vietname, pondo em causa a actuação de vários presidentes, chega a alguns meios de comunicação. Um deles é o Washington Post que, numa fase financeira complicada e após ser ser imposta uma limitação judicial ao New York Post, tem de decidir se avança ou não com a publicação dos documentos. É este o dilema que está no centro do filme, vivido pela proprietária Kay Graham (Meryl Streep) e pelo director Ben Bradlee (Tom Hanks).
The Post tem um conjunto de imagens marcantes sobre a construção de um jornal e uma mensagem positiva, de defesa intransigente da liberdade de expressão quando está em causa o interesse público. Uma questão que nos poderia transpor para o presente, que nos deveria envergonhar sempre que pensamos em Edward Snowden, obrigado a fugir para não ser um prisioneiro político na América de Obama. Só que toda a evolução do filme é feita de forma superficial. É uma obra escorreita, que se vê bem e que não embaraça (apesar de uma conversa de Kay com a filha, cujo apelo fácil e gratuito ao sentimentalismo vai além do que Spielberg costuma ir), mas não aprofunda, não expõe a tensão psicológica das personagens com particular força, nem põe o dedo na ferida. Por isso, está a léguas de outros filmes recentes sobre jornalismo. Não tem o rigor, o detalhe e o equilíbrio da investigação jornalística de Spotlight, nem tão pouco a intensidade dramática do subvalorizado Verdade, com os grandes Robert Redford e Cate Blanchett.
No fundo, The Post prossegue o caminho de Spielberg para cumprir calendário. Quem dera a muitos fazê-lo com esta distinção mínima, mas temos saudades de um grande filme do cineasta americano. Talvez isso não aconteça desde Munique ou até mesmo desde os anos 90, quando realizou Resgate do Soldado Ryan, Amistad, Jurassic Park ou essa obra-prima chamada Lista de Schindler.