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Tropicália é um documentário obrigatório e que retrata uma das épocas mais conturbadas do passado recente do Brasil, quando no final da década de 1960 o regime militar exigiu das correntes artísticas e do pensamento uma postura mais interventiva. Assim nasceu o tropicalismo ou movimento tropicalista, designação inspirada numa canção de Caetano Veloso, homónima do filme.
Caetano é um dos nomes maiores do movimento, a par de Gilberto Gil, Tom Zé e Os Mutantes. Juntos produziram temas com forte carga intervencionista e espectáculos de deboche, misturando estilos e influências tradicionais com o psicadelismo. Em 1968, lançaram o álbum seminal “Tropicalia ou Panis et Circencis”, uma espécie de manifesto do tropicalismo e que enraizou o movimento na cultura brasileira. A oposição à cultura dominante veio a ditar a detenção de Caetano e Gilberto, que se viram forçados ao exílio em Inglaterra. Mesmo à distância continuaram a sua luta pela mudança no país de origem, distintos embaixadores da mais nobre causa: a liberdade de pensamento e de expressão.
Um documentário que se divide entre os líderes do movimento tropicalista em discurso directo e a colagem de imagens da época, dá-nos uma perspectiva ampla das diferentes manifestações artísticas, a par da degradação social e dos recuos da democracia em território brasileiro. No seu todo, é um emocionante relato acerca do valor liberdade e da mudança, e da importância do olhar crítico sobre a norma vigente.
Tropicália é um daqueles caso que falham a excelência por muito pouco. Apesar da caracterização aprofundada do movimento, faltou o impacto efectivo do tropicalismo na cultura popular brasileira não só na época, mas sobretudo no futuro que chegou pouco depois. Fortes influenciadores de dezenas de compositores e intérpretes nas décadas seguintes, os tropicalistas são verdadeiramente intemporais.