16

Dream Squasher
2020 | Relapse Records | Sludge metal

Partilha com os teus amigos

Antes de comentar o estouro que é o novo “Dream Squasher” dos 16, talvez seja necessário situar um pouco em relação à banda. Infelizmente, ainda pode ser preciso, mesmo com a importância que têm. Os 16 são simplesmente uma boa resposta à pergunta “o que é o sludge?” E, mesmo que também se considerem clássicos de outras bandas como Melvins, Crowbar ou Eyehategod para o mesmo efeito – estas realmente a desfrutar do reconhecimento que não calha aos 16 – pode-se ser ousado e usar determinantes singulares numa afirmação como “o ‘Drop Out‘ é o melhor álbum de sludge de sempre.”

A falta de reconhecimento aliado a problemas sempre presentes no seio da banda, que já causou muitos problemas no alinhamento e os forçou inclusive a uma paragem, podia ser uma fonte legítima do ódio que se sente em “Dream Squasher.” Se não houvesse já disso desde o início, é um escárnio perante tudo que sempre lhes fez parte do ADN. Partimos para a escuta deste novo álbum a saber que as gentilezas ficam para outro sítio. E é por isso que em oito discos nunca defraudaram e “Dream Squasher” é mais um exercício de demolição. O núcleo continua a ser, obviamente, o riff. É a estrela principal e é o que nunca falha na sua missão de nos atirar lama para a cara, quer de forma mais imediata como logo a abrir em “Candy in Spanish” e “Me and the Dog Die Together” ou num doloroso arrastar lento de “Acid Tongue” e “Agora (Killed by a Mountain Lion),” que até abre ali com uns ares sulistas que nos deixa de orelha levantada para pormenores no meio da castanhada.

Que é algo a sublinhar. Influentes na criação de um género, os 16 não se fazem conhecer propriamente por serem experimentais nem nós estaríamos à espera que eles começassem a florear isto agora. Dois punhados de riffalhões grosseiros e já estávamos de medidas cheias. Mas, mesmo sendo esse o principal assunto, não se deixam ficar por uma banda assim tão uniforme. Há uma visita ao deserto para um stoner algo mais amigável em “Sadlands” e há a velocidade contrária num ataque punk em modo hardcore quase “agrindalhado” em “Ride the Waves,” que realmente lembra os contemporâneos Eyehategod. Apenas alguns pormenores a destacar em “Dream Squasher,” mais um grande disco violento a reforçar a ideia permanente à volta dos 16: não têm o reconhecimento que verdadeiramente merecem.

Músicas em destaque:

Candy in Spanish, Acid Tongue, Agora (Killed by a Mountain Lion)

És capaz de gostar também de:

Crowbar, Eyehategod, Iron Monkey


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos