200 Stab Wounds

Manual Manic Procedures
2024 | Metal Blade Records | Death metal

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A capa não deixa enganar. Muito dificilmente sairia daqui um power metal de combater dragões. Mas não é só a capa. O nome 200 Stab Wounds já conquistou reconhecimento, já havia hype à volta deste segundo álbum. So que isso já é incómodo para muitos, ainda para mais numa editora reconhecida, e se calhar isto são só uns putos a brincar ao death metal. Mas o reconhecimento foi conquistado, o “Slave to the Scalpel” que não fosse tão bom. E “Manual Manic Procedures,” então, é uma brincadeira bastante séria.

Para já, a editora de renome é a Metal Blade, catedral da música extrema. Que nos trouxe os Cannibal Corpse. Que serão a maior referência para o que esperar do death metal banhado em tripas dos 200 Stab Wounds. Tanto no tema gore como nos tons das guitarras. São riffs que têm a mesma piedade dos nossos pescoços que os da lendária banda da Florida. E está aí o encanto, nem é segredo nenhum. Porque estão a inventar absolutamente nada. Até estão a recuar bastante. Estão a trazer o gore de volta. Se calhar este escriba em particular não está sozinho no cansaço do death metal mais brutal de hoje em dia, que se assenta mais em cenários apocalípticos sci-fi e em riffs com muita técnica. Os 200 Stab Wounds, e um estouro como é “Gross Abuse,” vêm para lavar a boca disso. Se calhar é para gargarejar pus, que nisto do death metal mais à bruta até nos perdemos na falta de gosto para as analogias.

Repetindo, Cannibal Corpse é a principal referência nos riffs e até, um pouco, na voz. Também não dá para mexer na carnificina sem pescar Carcass e realmente se tivessem mais vontade de abrandar o acelerador, de vez em quando, mais Autopsy isto ficava. A intro à Pantera de “Hands of Eternity” é um falso alarme, as passagens acústicas de “Flesh from Within” fazem parte da tortura e chamar “interlude” a “Led to the Chamber / Liquified” pode não avisar logo que é uma descarga de noise. Em meia horita fica feito mas há muito sangue para limpar e um aroma a carne carbonizada no ar. Como se sentia antigamente quando o death metal abordava a violência assim, agarrando-a pelos cornos, e recriando filmes de terror slasher em música que seria a epítome do peso. Não são uns salvadores da velha-guarda ou coisa que o valha, mas são celebratórios e celebramos com eles, o quanto os nossos pescoços o permitirem.

Músicas em destaque:

Gross Abuse, Manual Manic Procedures, Parricide

És capaz de gostar também de:

Cannibal Corpse, Sanguisugabogg, Gatecreeper


sobre o autor

Christopher Monteiro

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