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Se começarmos a enumerar clichés na música extrema, nunca mais saímos daqui. Tanto os que celebramos, como os que já não são tão bem-vindos. O black metal atmosférico está tão cheio deles que quase se tornou um cliché só por si, de modo geral. E encapuçados anónimos então, já nem sabemos quantos mais aí andarão. Ainda bem que não pode ser esse o nosso guia, senão ainda deixávamos passar uma banda tão promissora como os Aara.
O trio Suíço tem vindo a surpreender com a sua assiduidade – um álbum por ano não tem sido estorvo – e pela agressividade no seu black metal atmosférico, que podia concentrar-se aí só nessa semântica e, no entanto, ainda consegue tanto peso e selvajaria. Com “Eiger” mudam de conceito, após a trilogia “Triade,” a que nos ajudou a perceber o valor dos Aara. De romances góticos do século XIX passamos para as montanhas. Que uma gélida e perigosa escalada pode muito bem ser musicada desta forma. Com os antigos truques, já que não se deu nenhuma mudança musical radical. E combina tão bem com a nevosa montanha, como combinava com o ambiente escuro da trilogia que antecedeu. Descobriram uma fórmula adaptável num estilo que devia ser limitador.
Voltamos a falar do balanço entre peso e atmosfera e, também por uma questão de justiça visto que fizemos o contrário, dá para comparar aos nossos Gaerea. Escolhem uma boa produção em vez de deixar as coisas ficarem cruas porque sim e isso está nos riffs, quer quando se deixam ficar melódicos através dos tremolos, quer quando fazem verdadeiramente barulho. Sujeitam-se a causar avalanches. As passagens acústicas, quer a abrir, a fechar ou a separar, enriquecem o negrume e proporcionam toda uma outra camada quando é realmente misturada e sobreposta na restante música, como a que acompanha “Felsensang” ou a que introduz o monstro que sai debaixo dela em “Todesbiwak.” Mais um arrepiante desempenho vocal – a cargo de uma senhora, para os mais distraídos que ainda não tivessem notado – e tanto podemos juntar-nos à suicida escalada que decorre ao longo do disco, como podemos ficar aqui deste lado, abrigados, a apreciar como o black metal atmosférico, ainda agora tão saturado, conseguiu formas de singrar tão bem. Originalidade nas subtilezas. E, em princípio, para o ano já deve haver mais.
Die das Wilde Wetter Fangt, Todesbiwak, Der Wahnsinn Dort im Abgrund
Gaerea, Blut Aus Nord, Nordicwinter