Alice Cooper

Detroit Stories
2021 | EarMusic | Hard rock

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São 28 álbuns – no total, juntando os de Alice Cooper como nome de banda ou performer a solo – e muito ano de carreira que já nem serve de muito estar para aqui a contá-los. Das figuras mais emblemáticas de todo o rock, se tem um novo trabalho, dedicatória à sua Detroit natal, pois claro que vamos ouvi-lo.

É o que vale quando se tem uma carreira de enorme respeito. “Detroit Stories” chega sem qualquer expectativa ou exigência. Claro que um percurso tão grande dificilmente seria perfeito e há muitos baixos entre os altos – como a infame trilogia intoxicada da primeira metade da década de 80 que nem o próprio se lembra de ter feito – mas uma conquista já está feita. Alice Cooper só quer rockar como antigamente e tratar o facto de já ter 73 anos tão bem como a guilhotina o trata em palco, na velha tradição. Basta munir-se de boas canções e aquele sentido de humor com tanto de charmoso como irreverente. Basta para sabermos que temos o velho Alice em acção.

Como qualquer músico veterano, ainda para mais quando homenageia a cidade que o viu nascer, presta tributo às suas raízes, quer ao rock ‘n’ roll que o influenciou, quer ao que lhe é mais contemporâneo. É que o disco abre logo com uma cover dos The Velvet Underground e segue com uma “Go Man Go” bem à Ramones. Cabem ainda mais duas covers, de MC5 e Bob Seger, uns blues bem barbudos como em “Drunk and in Love,” uma humorística declaração de “ódio” à original banda Alice Cooper em “I Hate You,” uma farpa às bandas muito sérias, políticas e activistas em “Shut Up and Rock” – com Larry Mullen Jr. dos U2 na bateria, na que será a mais doce de todas as ironias aqui presentes – e até mesmo um momento sério com uma mensagem de apoio a todos que estejam a lidar mal com o estado surreal do mundo em “Hanging on by a Thread (Don’t Give Up)” que até acaba mesmo com um apelo à linha de prevenção ao suicídio. Do mais divertido que Alice Cooper lança em anos, bem mais do que jams com outros astros lendários do mundo da música e outras artes, nos Hollywood Vampires. Claro que com 15 faixas e 50 minutos, é impossível que tudo em “Detroit Stories” seja essencial. Há o seu filler, mas não há razão de queixa. Já diz ele em “Wonderful World:” “It would be a wonderful world, if everyone was just like me.

Músicas em destaque:

Go Man Go, Our Love Will Change the World, I Hate You

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Rock, risota e strippers (se se identificarem com a “1000$ High Heel Shoes”)


sobre o autor

Christopher Monteiro

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