Quando nos chega “The Approaching Roar,” já os Altarage reuniram uma história interessantíssima. Oriundos da improvável Espanha, assustaram o mundo com a sua estreia “Nihl,” arrancaram as inevitáveis comparações aos Portal, sacudiram-nas e voltaram a fazer solos tremer com dois sucessores de respeito. E tudo isso num curto espaço de um punhado de anos.

O grupo Espanhol continua a criar música mais aterradora que a própria imagem sinistra encapuçada. O seu death metal desconstruído e envolto por uma parede sonora negra e densa continua a ser o que os coloca na tal cruz da comparação com os Portal, mas já muito eles cresceram desde o disco de estreia, mesmo que em pouco tempo. Com uma atmosfera a sugar para um vácuo ruidoso e escuro, a servir de potencial banda sonora para um pesadelo, os Altarage trazem os riffs. O que podia ser uma mera catarse, traz estrutura, ordem e ali uma pitadinha cuidada de melodia. E trazem as influências, com o que podia ser uma reprodução straightforward do death metal tenebroso do álbum de estreia, afinal é um caldo com alguma coisa medonha nova a descobrir-se a cada audição atenta, sem ter que entrar nos floreios do “post-qualquer coisa.”

Tomam-se como exemplos o feedback, o doom e a sujidade à la Boris de “Urn,” as passagens quase dark ambient e clímax tribal de “Chaworos Sephelln,” ou a regular presença de tremolos que nos lembram que sempre existiu um ar gélido na música dos Altarage que nos trazia black metal à mente e ao pescoço. “The Approaching Roar” é um caos que fica na cabeça a massacrar-nos e nisso pode ser mais comparável – apenas nesse factor, sem ter em conta qualquer outra semelhança sonora – a uns Anaal Nathrakh. Mas com três discos assíduos e fortíssimos, os Altarage já serão mais comparáveis aos Altarage. É um disco de death metal cavernoso e dissonante, assim no início de 2019, que já ficará registado para, no final do ano, quando andarmos todos loucos a querer compilar o melhor que se fez, não nos esquecermos deste.