Amenra

De Toorn / With Fang and Claw
2025 | Relapse Records | Pós-metal, Sludge metal atmosférico, Pós-rock, Ambiente

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Dois EPs de lançamento simultâneo que, no total, até podiam dar um disco. Tem que ter um propósito. Até porque os Amenra não são tipos de fazer alguma coisa sem propósito. Sobras? Nada disso. A brincadeira do yin-yang, estando aqui dois polos opostos? São muito diferentes, mas não é caso para serem assim tão opostos. Então o que justifica este duplo lançamento e o que há de interesse em “De Toorn” e “With Fang and Claw”?

Tudo. Para já, quatro malhas que aleijam. E é visto como uma transição. Fecha a anterior era – e que era! – dos Amenra, enquanto introduz a próxima, também promissora. Uma boa maneira de fechar um capítulo e já parece haver aqui uns cheirinhos do que possa vir no futuro. O que os distingue? Bastante. “De Toorn” tem duas faixas bem longas, que recorre mais ao ambiental e de construção lenta. “Heden,” por exemplo, tem um instrumental minimalista e passagens de spoken word. Demora a chegar ao miolo, sim, temos que esperar até quase a marca dos dez minutos para se virar tudo de pantanas e vir os riffs e a berraria. “De Toorn (Talisman)” é a sua bastante próxima irmã e fecha um EP desafiante, mais próximo de uma das vertentes dos Amenra.

Já “With Fang and Claw” é o total desvaire. “Forlorn” e “Salve Master” já são duas malhas mais directas, mais agressivas e mais curtas. Apenas em comparação, já que “Forlorn” ainda é uma sova de oito minutos, com abrandamentos. O lado pesadão e torturante dos Amenra, o seu sludge atmosférico de marca, guitarras violentas e a preocupante garganta de Colin H. van Eeckhout a expelir raiva – mesmo assim, alguma da sua gritaria mais desenfreada pode estar no “De Toorn.” Ambos EPs tratam o ambiente de desespero que sempre se encontrou na música já aclamada dos Amenra e, mesmo separando um pouco as coisas nos dois registos, não as reduz. Como se fossem dois teasers, mas já muito completos. Dificílimo haver uma preferência justificável por algum – mesmo que muitos talvez sintam que os temas de “De Toorn” realmente demoram muito a descolar. A recompensa, depois, é tremenda. Com dois EPs algo enigmáticos consegue-se mais que alguns a tentar com sequências de discos de longa duração.

Músicas em destaque:

Heden, Forlorn, Salve Master

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sobre o autor

Christopher Monteiro

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