//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Com os limites do quão brutal algo consegue ficar, dentro do slam death metal ou do deathgrind, chega a inevitável estagnação. A nossa sensibilidade ao choque já estava mais que esbatida e já só revirávamos os olhos a mais uma capa retirada da dark web, de extrema violência ou grafismo sexual perturbador, aos títulos nojentos ou de pobre recriação de Carcass. Já tinham chocado todas as mães que havia para chocar e cada vez menos conteúdo naquilo, ficando pouquíssimo trigo no meio de tanto joio. Parta-se para outra, agora já nos fartamos de ver o slam de categoria sci-fi, com um cenário apocalíptico e possivelmente algum bicharoco alienígena gigante de muitas patas a destruir algum panorama, com mais títulos cheios de palavras longas de difícil pronúncia. Parece que tudo se gasta num instante. Falemos então dos bons? Pronto, temos os Analepsy aqui perto já para isso.
Já que a introdução parecia trazer algum azedume, então deixemos o tão negativo de lado e olhemos a quem faz as coisas tão bem. Os Analepsy, que apresentam o novo “Quiescence” a lembrar-nos que já lá vão uns bons cinco anos desde que surpreenderam com “Atrocities from Beyond” e deram aquele derradeiro apito inicial para a tal onda descrita no parágrafo anterior. Sem querer rotulá-los de inventores e deixar as suas próprias referências de parte, deve realçar-se o hype que se criou à sua volta, que se estendeu bastante além-fronteira, e pode realmente ter bastante responsabilidade por toda uma onda de cópias. Felizmente, “Quiescence” nunca chega com aquela missão de que têm que se distinguir e recuperar relevo. Mas faz de conta que sim. Tudo neste brutalhão disco é uma assertiva exclamação de identidade, com quantos retoques vissem necessários à sua já estabelecida fórmula para a refrescar. “Quiescence” é um disco maduro de brutal death metal – há disso, sim – que não se deixa recair tanto no slam – como o deathcore se apoia demasiado no breakdown – e que traz uma musicalidade que, no meio de toda a brutalidade, até se torna perturbador.
Meio a aproveitar uma profunda mudança de alinhamento, mas também a seguir um percurso natural,os Analepsy até acabam por se descolar dessa tal onda que lideram, para ver se se junta a uma elite de death metal mais abrangente, quer seja com a inteligência dos temas, – riffs e solos com precisão e não só um despejo deles para dizer que é super-pesado – a sua eficácia e capacidade de criar algo memorável, um virtuosismo justificável com solos técnicos que agradem a fãs de Dying Fetus ou Nile, bem administrado com a parte mais simples, quer seja um slam bem à Cephalotripsy ou um breakdown de partir pescoço mais à Suffocation. Há o estardalhaço imediato e há um tema como “Edge of Chaos,” com um caos mais progressivo, e que verão a ser destacado muito por aí, assim como uma conclusiva faixa-título, uma outro instrumental e ambiental a abrir os horizontes daquilo que podia ser um disco só de pontapé-para-a-frente e riff atrás de riff. E não é que não gostemos assim de uma pomada tão simples quanto essa, mas também dá gosto ouvir um trabalho tão ambicioso como este “Quiescence” que vem mostrar que os Analepsy já não são nenhuns meninos e essa cena da referência mundial do death metal mais brutal não é só conversa.
Impending Subversion, Stretched and Devoured, Edge of Chaos
Trepid Elucidation, Suffocation, Abominable Putridity