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Sim, eles estão muito diferentes mas não é de agora. E de que serviria a uma banda que tomou de rompante a cena do rock alternativo em meados da década de 00 decidir estagnar agora? Quando se calhar até viu muitos congéneres contemporâneos a ficar para trás. “The Car” é o novo álbum dos Arctic Monkeys, que na sua calma e melancolia, esconde muita ousadia. Nem que seja pelo risco de ainda polarizar alguns fãs.
Será um álbum muito estranhado, sim, mas não o podemos classificar a partir do critério muito específico daquele fanático do “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not” que entrou em coma a seguir, acordou agora e decidiu pegar nos seus predilectos a partir do último trabalho. É assim que faz mais diferença. As portas para a sonoridade deste “The Car” já tinham sido escancaradas pelo anterior “Tranquility Base Hotel & Casino,” que segue uma revisita ao passado, assente no presente, desde que quiseram experimentar as raízes do rock em “Suck It and See” e “AM.” Mais uma vez, não é a música contemporânea que procuram referência, no seu soft rock orquestrado, no suave lounge, no barroco e no chamber, nas pesquisas por outras andanças mais sussurrantes e envolventes como a bossanova. Mas não há dúvida de que são os Arctic Monkeys em 2022.
Há suficiente honestidade nas canções – mais semelhantes entre si à primeira audição, mas que se descolam mais facilmente a cada nova exploração – para despir “The Car” de pretensiosismo. Deixando na mesma aquela pequena parte ainda saudável, para que a malta mais corajosa os vá comparar a actos clássicos intocáveis. Não é à toa que vêem muito o nome de David Bowie invocado por aí, e não estranhem se algum tolo chamar a este um disco dos Beatles depois do “Rubber Soul,” que se esqueceram de fazer. O bar jazzístico fumarento de onde vem a faixa-título ou o funk suave de temas como “I Ain’t Quite Where I Think I Am,” “Jet Skis on the Moat” ou “Hello You” abrem mais portas ainda para o que os Arctic Monkeys maduros podem vir a fazer. É inevitável que muito nariz se torça, que alguns temas se percam entre outros, ou que muita gente se aborreça. Mas o certo é que a “Fake Tales of San Francisco,” assim como muitas outras, já lá vai. Mas temos “There’d Better Be a Mirrorball” ou “Mr Schwartz” para lembrar que, acima de tudo, sempre fizeram grandes canções.
There’d Better Be a Mirrorball, I Ain’t Quite Where I Think I Am, Mr Schwartz
David Bowie, Curtis Mayfield, Burt Bacharach