Basalto

Purga
2023 | Doomed Records | Death doom metal

Partilha com os teus amigos

E siga a numeração. Os Basalto não são dos que “tocam aquela,” até porque não é a nomeá-la que perdem mais tempo. A construir um riff monstruoso e sujo, de nos colar à parede, isso sim. Sai mais uma dose enquanto questionamos se este trio – três a fazer este basqueiro todo? – de Viseu não estará a ficar cada vez mais pesado, de alguma forma. Uma rica “Purga,” esta, de facto, sem deixar qualquer impureza dentro de nós.

Os Basalto dominam o campo do doom metal bem banhado a death. Maus hábitos levam-nos para atmosferas mais soturnas e funerárias. O ambiente por onde os Basalto se mexem não tem mais claridade mas tem mais variedade, eles já provaram bem que o seu doom não é unidimensional. É assim, a essa velocidade, que “XIX” arranca e, enquanto ainda estamos a recuperar os sentidos do impacto que aquele riffalhão causou, reparamos que as coisas começam a acelerar. Os Basalto têm riffs para se manter sempre com aquela lentidão e arrasto e já nos prenderiam. Mas não se conformam. Deixam tudo a tremer e são criativos. “XX” é o segundo monstrengo – directamente ligado ao anterior – que já vem como um bem lamacento tema de death metal. Já sabemos que estamos perante os Basalto.

Purga” é um tremendo disco que confirma a variedade do underground Português. Não se encontram propriamente muitos pares sonoros dos Basalto, mas não é por isso que se permitem facilitar. Que venha daí o paredão sonoro, cheio de lodo, de guturais ao fundo do poço, que a catarse faz-se sozinha. Mas prestemos atenção aos pormenores. “Purga” pode apresentar-se como um tema contínuo, mas há individualidade nas faixas e dá gosto descobrir-lhe as nuances. É que, entretanto, chegou à “XXI” e parece que a coisa acelerou ainda mais e há psicadelias a decifrar em “XXV,” que parece esconder um riff de rock debaixo da lama! A sua sequência já chega aos “XXVI” neste álbum e deixa-nos o desejo de que cheguem àquela numeração alta que já requer uns segundinhos a mais para sabermos exactamente a que número corresponde. O riff de “XXII” até vai achando graça ao termo “sludge,” entretanto e, por aqui, vamos dar mais uma voltinha dentro desta gruta.

Músicas em destaque:

XIX, XXI, XXVI

És capaz de gostar também de:

Sourvein, Conan, OAK


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos