Benighted

Obscene Repressed
2020 | Season of Mist | Deathgrind

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As sovas dos Benighted são imediatas e eficazes. Como prova disso, as cicatrizes deixadas por “Necrobreed” ainda estão a sarar, parecendo ter saído ainda ontem, quando já data três anos antes de levarmos com o estouro do novo “Obscene Repressed” no corpo ainda não totalmente calejado. Foi uma sova mesmo muito intensa. A ter em conta que isto é na escala do grind, em que isso equivale a ter sido um dos melhores álbuns dos Benighted em muito tempo.

Paira pressão sobre “Obscene Repressed,” sim. Mas será apenas imposta pelos próprios e, sendo tão doidos e doentios como soam, saberão bem como sacudir isso. Dúvidas que alguém pudesse ter, são imediatamente escorraçadas à bofetada com “Nails.” E o que há no disco é a habitual marca demolidora dos Benighted, de deathgrind rápido, com tanto de técnico como de groovy, com suficiente sadismo para ser capaz de lhe meter ali, à martelada, uma vertente melódica que coloque uns quantos basqueirais presos na nossa cabeça – isso sem precisar de falar dos riffs, que isto está cheio deles com R maiúsculo. Julien Truchan permanece um “show stealer,” ainda é ele um forte concorrente a detentor do melhor pig squeal nesta brincadeira do grind mas não recai apenas nele, exibindo sempre uma ginástica vocal invejável. Tudo berraria bruta, descansem, mas sempre a rugir de formas diferentes e de modo a que faça sentido. Até se faz acompanhar pelo surpreendente Jamey Jasta, dos Hatebreed, para mais uma forma de cuspir ódio em “Implore the Negative.”

Sem defraudar os fãs antigos ou os novos conquistados por “Necrobreed.” Mas sem entrar em piloto automático, mesmo que as fusões de death metal, grindcore, slam, hardcore e mais umas tripas, sangue e pus sejam as de sempre. Ainda é tudo de forma inteligente, com criatividade e aguçando a brutalidade deste género que, sempre violento, também estagna. Mas, pelo meio, até brincam ao jazz em “Muzzle.” Para verem o quão tolos são estes Franceses. Não tão agarrados a um conceito contínuo, não faltam letras e títulos doentios – “Casual Piece of Meat” ou “Mom, I Love You the Wrong Way,” que certamente levará a taça – para que os Benighted mantenham a sua identidade e comecem a chegar-se cada vez mais à frente, no que toca a representar este género de tão violenta música. Começa a ser difícil encontrar melhores.

Músicas em destaque:

Nails, Improve the Negative, Muzzle

És capaz de gostar também de:

Aborted, Cattle Decapitation, Cytotoxin


sobre o autor

Christopher Monteiro

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