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A Besta está de volta com mais uma descarga de raiva e podemos celebrar, à castanhada, o novo lançamento que cai que nem terapia perante todas as frustrações causadas pelas injustiças mundiais ou do nosso dia-a-dia. O apropriadamente intitulado “Eterno Rancor” pode vir com a brutalidade e agressividade de quem nos escarra na cara e nos pontapeia no chão, mas na verdade só vem para nos ajudar e fazer bem.
O ocupadíssimo Paulo Rui é já uma Besta mais do que bem integrada no colectivo e torna-se peça central da chinfrineira com uma berraria, de variados tons, que nos conduz pela raiva de todo o disco e inevitavelmente nos influencia a partilhar o mesmo nível de cólera. Mas não trabalha sozinho neste grindcore musculado, cheio de punk e crust a afiar os riffs, um pouco de death metal a inchá-los e Napalm Death como uma referência segura. Pode falar-se em influências, que os Besta não vêm para inventar algo. Vêm para intensificar e mostrar que brincam a isto como gente grande e que o dominam como se estivessem lá quando o bicho ainda estava no berço. Até mesmo dos próprios currículos musicais dos membros pode pescar-se algo – sente-se algo dos saudosos EAK em “Ofício da Mentira” ou “Saco Azul” ou a pancada dada pelas faixas anteriores já está a fazer muito efeito?
Dividido em curtíssimos capítulos, – apenas “Porco Azul” ultrapassa a marca dos dois minutos – é uma descarga que não precisa de muito mais que apenas vinte minutos para nos deixar estafadinhos e a arfar. Como se quer. É um conjunto bem mais multi-facetado que o que possa inicialmente parecer, com pormenores e riffs criativos dentro de cada uma das faixas, e um ocasional abrandamento na velocidade, como mera ilusão de que as coisas vão acalmar, até nos levar de volta ao caos, de puxão. Sempre de língua afiada, com a consciência social em primeiro plano, no mais veloz e potente que sabemos que a música extrema consegue ficar, “Eterno Rancor” é um disco necessário para descarga de raiva, de energia, para lavar a alma. Isto sim é terapia.
Ofício da Mentira, Neoselvagens, Porco Azul
Napalm Death, Eyehategod, We Are the Damned