Biffy Clyro

A Celebration of Endings
2020 | 14th Floor Records, Warner Bros. Records | Rock alternativo

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Em tempos podíamos olhar para a discografia dos Biffy Clyro e dividi-la por trilogias. A primeira, a dos Biffy Clyro enérgicos, juvenis e pouco usuais nas estruturas do seu rock emocional que tanto queria acrescentar-lhe como retirar-lhe acessibilidade. E a segunda tinha os Escoceses totalmente rendidos a um arena rock de marca própria. A partir de “Ellipsis” já não era tão fácil definir essas linhas e “A Celebration of Endings” é apenas a nova proposta de uns Biffy Clyro reconhecidos, sem algo mais a provar, autores de imensos hinos poderosos do rock moderno com atitude.

O trio podia já ser um dos principais cabeças do rock moderno mais directo, sem grandes floreados e necessidade de um rótulo mais específico, apenas uma banda de rock. Mas nunca se permitiram ganhar esse conforto ou soar assim tão automáticos. “A Celebration of Endings” é tudo menos um disco uniforme. Há, de facto, experiências com modernismos como no singleInstant History,” que podia apresentar uma escorregadela para as sonoridades padrão de actos pop rock mais modernos como Imagine Dragons, Thirty Seconds to Mars, Bastille ou os actuais Fall Out Boy, com refrão simples e acompanhamento sintetizado, mas a grandeza do tema e a marca “Biffy” intensifica-se a cada audição. Até já temos a consciência que os dias do pós-hardcore mais matemático que os caracterizava no início do século já lá vão, mas até nos surpreendem com uma abertura como “North of No South” e um tremendo fecho como “Cop Syrup,” o mais próximo que já lá tenham regressado e uma “End of” que podia ser uma ponte entre “Infinity Land” e “Puzzle.” Há um peso pouco ortodoxo em “Worst Type of Best Possible” e uma irreverência de uns Kings of Leon mais alegres em “Tiny Indoor Fireworks.” E como eles nem disfarçam a sua faceta de baladeiros, há uma “Space” que corta uns açúcares em excesso da “Re-Arrange” e uma “Opaque” que realmente soa demasiado parecida à “God & Satan.

Simon Neil também permanecerá um cantautor bastante emocional, o que contribui para a grandeza do seu som característico. Por esta altura eles já podiam ter um ego descomunal e isso ouvir-se na música. Mas ainda não é caso, os Biffy Clyro são uma banda de estatuto que prefere não o reconhecer a cada novo álbum. “A Celebration of Endings” é um disco retrospectivo e compilatório que olha para o passado da banda, define o presente e abre as portas para o futuro, com uma perfeita harmonia de todos os factores que lhes associamos. É algo que custa dizer por ser tão cliché, ainda para mais quando os Biffy Clyro não são uma banda de clichés.

Músicas em destaque:

North of No South, End Of, Cop Syrup

És capaz de gostar também de:

Jimmy Eat World, Frank Carter & The Rattlesnakes, Foo Fighters


sobre o autor

Christopher Monteiro

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