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O destaque imediato é uma boa forma de escapar ao abrandamento de modas. Como aquela do revivalismo. Os Blues Pills até podiam parecer recusar que a música continuou depois da década de 70, mas tinham o seu próprio cunho. E até eles devem ter achado que o “Holy Moly!”, muito bem conseguido, começava a repetir truques. É mantê-los em “Birthday” mas dando-lhes umas voltas diferentes.
O primeiro a destacar-se foi o grande acontecimento que marcou as gravações e que se tornou um ponto central: a gravidez de Elin Larsson. Mas desengane-se quem acha que tornou “Birthday” suavezinho. Aliás, essa faixa-título até pode induzir em erro, que se trata de uma doce lullaby dedicada ao novo rebento. Não é, é uma descarga de raiva para alguém e parece específico. No máximo, alguma influência hormonal a faz recorrer a tanto vernáculo. Que, de resto, nada ficou mais suave na música dos Blues Pills. Mas há algo mais pop. Mas, como dita a regra, dos topos das tabelas, só que não as de hoje. A maior submissão à soul, ao pop rock mais blue-eyed dos 70s e a um saudável faz-de-conta de que ainda estamos naquela era dourada da Motown. A raíz blues e psicadélica é a mesma, mas bem mais soul do que hard rock e heavy psych. Quando uma identidade está bem construída dá para fazer isso sem causar muita desarrumação.
Algumas das suas maiores hooks estão neste álbum. E isso sempre foi um forte deles. Mas o destaque irá sempre para a voz de Elin. Até vamos tomar aqui um risco bem grande, maior até que as aventuras musicais deste disco, e fazer uma comparação que vá além das mais óbvias e justificáveis referências Janis Joplin ou Shocking Blue: em temas mais baladeiros como “Top of the Sky” ou “I Don’t Wanna Get Back on That Horse Again” até soa um pouco à Adele. Pode servir para salientar a acessibilidade destas canções também, mesmo havendo muito rock aqui, maroto como em “Piggyback Ride,” de referência mais antiga ainda em “Bad Choices,” ou com uma “Shadows” a buscar a uma fonte que dá água de sabor parecido à que anda a inspirar os Arctic Monkeys há um tempo. Duração contida e ausência de fillers fortalecem este “Birthday” que poderá alienar alguns fãs. Mas, deixando-o crescer, poderá servir como derradeira prova das capacidades dos Blues Pills como escritores de canções. Claramente não andam só aqui a brincar às bandas antigas.
Birthday, I Don’t Wanna Get Back on That Horse Again, What Has This Life Done to You
Royal Thunder, Radio Moscow, Siena Root