Body Count

Carnivore
2020 | Century Media Records | Crossover thrash, Rap metal

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O passado é de gangster, o presente é de actor, com um emprego seguro no pequeno ecrã. É este o percurso de Ice-T que, à sua carreira de rapper, juntou há mais de 30 anos o amor pelo metal e o hardcore, materializando-o com a formação dos Body Count, banda que se tornou numa referência dentro do rap metal e que conta já com sete discos carregados de cólera, algo que volta a abundar neste “Carnivore“.

Não parece ser o “Law & Order” ou os reality shows com a mulher que suavizam Ice-T, porque há muito ódio e palavreado forte que justifique que esta seja a malta que tenha escrito “Cop Killer.” As esperadas críticas sociais e mais algumas cançõezinhas de amor como “No Remorse” ou “Thee Critical Beatdown” mantêm o ADN lírico de Ice-T, que partilha o estrelato com o mesmo que o acompanha desde o início, Ernie C, guitarrista que debita riffs e solos para lembrar que isto não é apenas um grupo com um rapper a expelir raiva e profanidades, é mesmo um nome salientado a negrito na lista dos grandes do crossover, do hardcore, do thrash metal com ou sem groove, do rap metal com atitude para fazer o nu metal mais moderno suar de nervosismo. O território de “Carnivore” é familiar e o leque de convidados ajuda a compreender a palete simples do registo: Jamey Jasta dos Hatebreed mantém familiaridade em “Another Level;” Riley Gale dos Power Trip faz de “Point the Finger” um dos temas mais pesadões; e Amy Lee, essa mesma, ajuda em “When I’m Gone” que consta na muito reduzida parte mais emotiva do álbum.

Carnivore” acaba por ser um disco genérico dos Body Count à primeira vista e, visto à lupa, também não tem grandes pormenores que o especializem. Mas a magia disto está na mossa e nas malhas e aí trocamos o termo por “competente,” com intensidade suficiente para se tornar mais arrasador a cada nova audição para que supere esse meramente satisfatório termo. Até os fillers questionáveis podem ter a sua justificação: “Colors” é uma regravação de um antigo tema de Ice-T, aqui com uma roupagem pesada e com Dave Lombardo a acrescentar ao encanto; “Ace of Spades” até pode ser daqueles clássicos intocáveis para ser alvo de cover, mas vale pelo sentido tributo. Sem abrandamentos, a fome destes carnívoros continua negra.

Músicas em destaque:

Point the Finger, Another Level, No Remorse

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Biohazard, Suicidal Tendencies, Rage Against the Machine


sobre o autor

Christopher Monteiro

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