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Palavra que nunca serviria para descrever os Holandeses Carach Angren seria “discretos,” quando se fala de um grupo sem medo de pender para o berrante e excêntrico tanto em imagem como na própria música, com o mesmo medo de recorrer às maiores orquestrações para completar as canções e constituir a sua identidade. Mas “Franckensteina Strataemontanus” chega como um passo grande no desvendar desta malta que, já andando por aí há um tempo, até podem ter estado longe do radar de muitos.
Um factor-chave para a recepção aos Carach Angren é, claro, não os levar muito a sério. Já todos gozámos com a pose para a capa de “Death Came Through a Phantom Ship,” que já conta dez anos, já ouvimos os seus trabalhos como uma overdose de açúcar dos Dimmu Borgir e o amor que têm pelo terror clássico pode causar mais sorrisos do que sustos. Sem retirar qualquer mérito, é assim mesmo que resulta e “Franckensteina Strataemontanus” volta a agarrar-se a um conceito de horror, desta vez apontando para o monstro de Frankenstein, como o título deixa óbvio. Essas referências são o foco principal do conceito e a mítica exclamação “It’s alive!” em “The Necromancer” nem sequer deixa espaço para subtilezas. Outro foco é a música e tem que ser para essa parte que temos que olhar com mais atenção. O black metal regado de sinfonia mantém-se, com as novidades a esbater-se, mesmo que se sinta uma evolução para sonoridades ainda mais grandiosas e um possível eventual afastamento do black metal.
Há cuidados para controlar o espalhafato mesmo que a redenção ao mesmo seja totalmente intencional e procurada. Não deixam o peso ficar enterrado sobre as orquestras e há aqui riffs gelados cheios de tremolo e blastbeats desenfreados que lembrem que esta ainda é uma banda extrema e um grande portão de entrada para sonoridades extremas mais cruas. O barroco de “Sewn for Solitude” e até umas boas-vindas a algo mais industrial na faixa-título mostram abertura às influências e uma amplitude no leque de excentricidades. O uso de voz limpa e narrações são inteligentemente usados para que sugira que realmente tudo isto é tongue-in-cheek mas ainda não é uma paródia. E “Like a Conscious Parasite I Roam” é o cartão de visita para como soam os Carach Angren e como poderiam eles ser uma espécie de banda sonora clandestina de um filme da Disney muito obscuro. O trono destas brincadeiras extremas sinfónicas vai pertencer-lhes, se é que já não pertence. Mais entusiasmante que qualquer coisa mais recente dos Dimmu Borgir, uma boa alternativa para quem acha que os Cradle of Filth se levam demasiado a sério e com peso e orquestra mais bem balançado que uns Fleshgod Apocalypse. Um disco representativo que não converterá quem já apenas soltou risadas à custa destes Holandeses. Definitivamente um acquired taste a precisar daqueles factores complementares para se desfrutar disto: palco e público.
Franckensteina Strataemontanus, Skull with a Forged Tongue, Like a Conscious Parasite I Roam
Dimmu Borgir, Fleshgod Apocalypse, SepticFlesh