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Não passa despercebida, a carreira musical do lendário realizador David Lynch. Mas não é tão paralela como a de outros colegas como, por exemplo, John Carpenter. Muita obra aclamada e, evidentemente, cinemática na sua essência. Primam também as colaborações e não andará certamente à procura de um novo Badalamenti, mas é possível que vejamos mais vezes o seu nome associado à multi-facetada Chrystabell.
“Cellophane Memories” já nem é a primeira colaboração de ambos, mas é o primeiro longa-duração que editam mesmo como dupla – após o EP “Somewhere in the Nowhere” e com créditos em discos anteriores de Chrystabell como “This Train.” Já sabemos que vamos parar a algum cenário surrealista. Mas, para quem está acostumada a tratar uma vertente tão melódica da dream pop, de um rock etéreo suave e até de outros devaneios mais dançáveis, aqui é Lynch quem toma o leme e torna a experiência mais minimalista e ambiental. É David Lynch quem musica as variadas experiências vocais versáteis de Chrystabell, deixando a procura por melodias para segundo plano. Mesmo que estejam lá. Só podemos ter que ser nós a procurar.
É difícil e pretensioso para qualquer ouvinte tentar situar-se devidamente no que este disco proporciona. A inspiração vem de Lynch, após uma visão que teve durante uma caminhada na floresta, que lhe fez lembrar a voz de Chrystabell. Claro. E com um processo de composição e gravação que consistiu na recuperação de um interminável arquivo de música previamente feita, também não se evita um sentimento de nostalgia a pairar. Ainda para mais quando existe mesmo aqui música que o já aqui citado Angelo Badalamenti deixou feita antes de partir. Um disco que é mais de sensações do que de sons, mesmo que esses também abundem. É como se cada elemento instrumental, a voz de Chrystabell, flutuassem à nossa volta, em vez de realmente se fundirem e nós é que temos que apanhar e fazer algo daí. À maneira de Lynch, sempre misterioso, faz o que tem a fazer e depois nós que nos desenrasquemos. Teremos todo o gosto. Fãs das excentricidades de Lynch, ou da música mais convencional de Chrystabell, podem sair algo desapontados e aborrecidos com o minimalismo ambiental do disco, e até podem sentir que está aqui uma banda sonora à procura de filme e a precisar dele para recheio mais consistente. Mas “Cellophane Memories” é para ser desafiante e para nos causar algo diferente a cada audição.
She Knew, The Answers to the Questions, Sublime Eternal Love
Colaborações de Lynch, Kate Bush