Code Orange

Underneath
2020 | Roadrunner Records | Metalcore, Metal industrial

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Faz algum tempo que os Code Orange deixaram cair o Kids do nome. Caso não o tivessem ainda feito, o seu crescimento criativo e mediático a resultar na garra e maturidade deste “Underneath” já forçava a mudança, de qualquer maneira.

Os “Kids” já tinham crescido bastante com “Forever” que impressionou o suficiente para dar a volta toda e causar o escárnio entre a elite metaleira, a do hardcore e mais outra qualquer. Sabendo que “Underneath” também vinha com esse selo, é o que lhe acrescenta interesse: não se estão a deixar intimidar pelo seu sucesso, pelos seus conquistados detractores ou por limitações que uma banda de hardcore/metalcore moderno e musculado pudesse ter sobre si. O território por onde se movem e causam destruição não é propriamente estranho, mantém-se suficiente familiaridade com o antecessor “Forever,” que já antevia uma vontade de explodir por caminhos ambiciosos. Em “Underneath” desfruta-se do aumento do protagonismo de Reba Mayers – a faixa-título – e uns interessantes experimentalismos industriais – “The Easy Way” é uma astuta criação feita com o manual Nine Inch Nails aberto ao lado.

As experiências electrónicas facilmente partem para a distorção e para o noise, irrompendo por entre um conjunto de canções já ele de várias cores, sugerindo o disco mais esquizofrénico destes jovens irrequietos. Por acaso até é o seu conjunto de canções mais consistente, no que diz respeito a riffs e melodias memoráveis, bem completadas por uma castanhada que requer maior esforço à malta dos cores que não vá muito com eles, para lhes resistir. A variedade reina, com temas que pudessem estar no disco anterior, como “Swallowing the Rabbit Hole” ou “Last Ones Left,” um outro peso a parecer uma injecção de sangue novo nos Slipknot, como em “You and You Alone” ou “Cold.Metal.Place,” um apreço pela melodia com as mais contrastantes “Who I Am” ou “Autumn and Carbine,” que nos levam a uns alternativos 90s e a uns Smashing Pumpkins, ou uma “Sulfur Surrounding,” o hino emo que nos faltou em 2006. Mesmo com esses contrastes, há um fio condutor a torná-lo o álbum mais coeso dos já-não-tão-Kids. Para a malta que já os despreza como sobrevalorizados e que apenas compraram a sua atenção, sucesso e boa recepção crítica, – aqui chegou nem um cêntimo – este “Underneath” será apenas mais um argumento contra eles. Quando na verdade é um petardo, bem representativo do que pode ser a música de peso moderna – que não vem substituir nada, tenham calma – e o seu único problema é a dificuldade em segui-lo.

Músicas em destaque:

Swallowing the Rabbit Hole, The Easy Way, Underneath

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Underoath, Converge, Knocked Loose


sobre o autor

Christopher Monteiro

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