Combichrist

One Fire
2019 | Out of Line Music | Electro-industrial

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Ainda não saíram propriamente do circuito mais underground, mas também já estão significativamente acima de meros clubs góticos cheios de cyberpunks e outros visuais berrantes: os Combichrist são realmente dos actos do “subsolo” que desfrutam de mais popularidade, com um já longo trajecto. Chegam a “One Fire” após terem reinado pela música industrial e ter brincado com o techno, o metal, o punk e os sentimentos das pessoas mais sensíveis.

Projecto sinónimo do líder Andy LaPlegua, encabeçou esse género que é o aggrotech e, desde que inseriu umas guitarras pesadonas na banda sonora do videojogo “Devil May Cry,” que lhe tomou o gosto e voltou esse seu projecto para lados mais metálicos, sem querer abandonar as habituais pistas de dança celebradas à castanhada. Para “One Fire,” teremos um retorno aos Combichrist mais industriais e dançáveis, ou é uma continuação dos Combichrist mais punk e metal? Há das duas facetas ao longo de todos os temas, logo há um certo risco: termos uns Combichrist indecisos. E assim que entra “Hate Like Me” após a curta introdução, remonta-nos muito para um Rob Zombie no “Hellbilly Deluxe,” o que nos abre outra possibilidade: uns Combichrist mais acessíveis. E, sempre explícitos e in-your-face como o foram enquanto escandalizavam pessoas, também têm mais consciência social e política nas letras e até surpreendem com algumas experiências como aquela baladona cinematográfica que é “Bottle of Pain.” Querem ver que afinal o que temos aqui são uns Combichrist mais maduros?

Não há qualquer dúvida de que é Combichrist que está aqui, com quantas abordagens sonoras tenha, a identidade e a voz inconfundível de LaPlegua, a escarrar vários tipos de politicamente incorrecto está lá. E é à escolha: decide cada fã se os riffs potentes de “Broken United” ou a thrashada de “Guns at Last Dawn” – a apanhar a boleia da participação de Burton C. Bell dos Fear Factory – são mais ou menos irresistíveis que aqueles beats de “Lobotomy” e “Last Days Under the Sun.” Resulta tudo bem sem parecer uma mixórdia sem nexo, talvez ainda apenas a servir de pontapé-de-saída para um futuro mais variado mas também nostálgico, com uma faixa-título a apostar nas novas misturas, sem deixar de fazer uma “Understand” a soar a algo que pudesse estar no célebre “What the Fuck Is Wrong with You People?”, possível magnum opus do projecto de LaPlegua. Ou à procura de novo rumo ou então, ao nono disco, o que temos mesmo é o que até parece estranho: uns Combichrist veteranos.

Músicas em destaque:

Hate Like Me, Broken United, Bottle of Pain

És capaz de gostar também de:

Front Line Assembly, Psyclon Nine, Aesthetic Perfection


sobre o autor

Christopher Monteiro

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