Corpus Christii

The Bitter End of Old
2022 | Immortal Frost Productions | Black metal

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Podíamos vir para aqui com as habituais brincadeiras de que os Corpus Christii são a melhor banda de black metal Norueguês a sair de Portugal. Mas vamos antes olhar para o nosso panorama de black metal, tão riquíssimo e nós ainda a olhar para as referências exteriores, mesmo que sejam inevitáveis. É Corpus Christii, Decayed, IRAE, Morte Incandescente, Fili Nigrantium Infernalium, assim só para enumerar uma “liga dos grandes” e que lidera todo um movimento onde há muita coisa e da boa. E Corpus Christii a ter o seu devido reconhecimento lá fora como uma força de black metal a ter em conta em todo o território Europeu. Com fidelidade aos seus maléficos princípios. O novo chama-se “The Bitter End of Old” mas não parece antever ou causar qualquer fim do “velho testamento” do mais gélido e blasfémico género de música extrema.

Não se mexe em fórmula vencedora, e sabendo como dar a sua subtil identidade a cada disco, singra-se com uma base constante. “The Bitter End of Old” segue o que conhecemos dos Corpus Christii mas volta a impressionar. Nunca dispensam o riff memorável e entregam-nos a agressividade frenética e frontal, assim como uma parte mais atmosférica e soturna, em balançada quantidade. “The Predominance,” por exemplo, é malha de nos trocar as voltas, tais são os cortes e mudanças de direcção e velocidade. Depois temos muito a desfrutar por entre os riffs, potencialmente com alguns dos seus melhores aqui apresentados, com velozes passadas que talvez remontem a uns Beherit não-ambientais, com um caos instalado a atingir o pico do perturbador ali no frenesim de “Fragmented Chaos Disharmony.”

Mas não têm medo da melodia, nem têm medo do épico. Que pode parecer um palavrão mas não tem que o ser, afinal ainda está para aparecer banda que pratique disto e renegue Bathory. E, para confirmar a eficácia dessa vertente, verifiquem lá o clímax apocalíptico de “From Here to Nothing” e não o combatam, deixem-se ir. Em “The Bitter End of Old” não se procura tanto a originalidade, mas justifica-se sempre a falta dela. É black metal e bem sabemos que é um género muito obscuro mas que já existe por aí ao pontapé. Com muita coisa vazia, pintada por números, mesmo que seja só com preto e branco. A entidade Corpus Christii nunca fez disso e até mostra, neste álbum e nos seus antecessores, o quão rico o black metal pode ser na sua base. “The Bitter End of Old” até harmoniza, de forma assim tão devidamente caótica, a parte violenta e a melódica. Ali como aquele novo dos Watain, que está realmente fantástico, mas ao qual este não deve propriamente algo…

Músicas em destaque:

Unearthly Forgotten Memory, Fragmented Chaos Disharmony, From Here to Nothing

És capaz de gostar também de:

Decayed, Mayhem, Marduk


sobre o autor

Christopher Monteiro

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