Crowbar

Zero and Below
2021 | MNRK Records | Sludge metal

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Por vezes isto de redigir uma crítica a um álbum novo é uma tarefa ingrata. Outras vezes até parece algo demasiado fácil e cá temos nós que lhes dar umas voltas. É que não há melhor descrição de um álbum dos Crowbar do que olhar ali para a tabelinha de informação básica e ver que o intérprete são os Crowbar. Já nos diz tudo o que tem a dizer. O título pode ser este “Zero and Below,” como podia ser “The Serpent Only Lies,” “Odd Fellows Rest” ou apenas “Crowbar,” recorrendo à redundância dos auto-intitulamentos porque também têm esse.

Mas agora temos que ver quais são os que nos fazem esperar por isso e quais nos fazem encolher os ombros. Quais os que esquecemos rapidamente e quais os que vão para o grupo dos Motörhead, que podem manter sempre aquela fórmula intacta. Então, enquanto Kirk Windstein souber debitar riffs com força no tabefe, podemos manter os Crowbar nesse grupo privilegiado. O que procuramos num álbum dos Crowbar? Riffs. Dos gordos. E o que há em “Zero and Below?” Desses mesmos, a rodos. O que se espera de um dos principais porta-estandartes daquele grupo de selvagens que ajudou a criar aquela coisa a que chamamos sludge. Que, por acaso, também é o mesmo grupo de pessoas sem grande apreço por esse mesmo termo. Mas, gostem ou não, quando queremos mostrar a alguém o que é isso, é com uns quantos riffalhões destes a fazer eco.

O valor está na entrega e na intensidade. Todos os treze álbuns têm os riffs de orientação, mas com certeza existirá algum ou outro em que a experiência se sente mais a meio gás. Para realmente deixarem a coisa respirar, – antes de nos tirarem o ar à murraça no estômago como muito acontece aqui – já não têm aquela assiduidade frenética de outros tempos e, seis anos após “The Serpent Only Lies” é a sua maior fenda discográfica desde que levaram o mesmo tempo para preparar “Sever the Wicked Hand,” disco da sobriedade de Windstein. “Zero and Below” deixou a sua falta ser sentida para voltar a rasgar, com tanto groove naqueles riffs como cólera nas suas letras. Ainda nada abranda os Crowbar ou Kirk Windstein e até pode ser mesmo o maior factor de louvor ao álbum: é uma exclamação de que este peso, este inconformismo entre o doom metal e o hardcore, este som de assinatura, pertence-lhes e não vai a lado nenhum. E recebido, com um sorriso, um pescoço dorido e uma afirmação já quase “memética”: é mesmo um álbum de Crowbar!

Músicas em destaque:

The Fear That Binds You, Bleeding from Every Hole, It’s Always Worth the Gain

És capaz de gostar também de:

Down, Acid Bath, Corrosion of Conformity


sobre o autor

Christopher Monteiro

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