//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Quem vai perdendo tempo a ler matéria deste género já se deve ter cruzado com um engraçado termo inventado por criativos escritores, “Cult of NeurIsis,” termo para englobar as três bandas mais influentes de um movimento “post-metal” que já deu muita fruta e entretanto saturou. Olhando para a primeira metade do termo, os Cult of Luna são uma importante peça desse agrupamento e, felizmente, tal como os seus companheiros, ainda não atingiram a tal saturação.
“A Dawn to Fear” chega depois de um abrandamento na assiduidade dos lançamentos, após várias reinvenções e experiências que culminaram mais recentemente em “Mariner,” uma interessante colaboração com Julie Christmas. É de esperar que surpresa virá a seguir e talvez a surpresa seja mesmo encontrarmos uns Cult of Luna mais “familiares”. Longe de serem uma versão mais acessível de si próprios, por muita estranheza que uma assinatura com a Metal Blade pudesse causar, estão tal e qual como os conhecemos, submersos na mesma escuridão e paredão sonoro de riffs sludge atmosféricos, de cólera berrada perante os lentos riffs, de ambiente negro e progressão arrastada. Mas “A Dawn to Fear” é o disco com menos afinco no experimentalismo e mais focado na solidez e cimentação, acabando até por fundir a faceta mais sludge e melódica do genial “Eternal Kingdom” com os ambientes industriais do surpreendente “Vertikal.”
Claro que não é disco de se ouvir e absorver automaticamente, tudo o que é Cult of Luna é o contrário disso. Adicionalmente, longo na sua duração, não é recomendável a quem tenha acentuados défices de atenção ou a quem procura algo de digestão fácil. Requer as mesmas audições repetidas, a mesma imersão nas camadas negras ou coloridas que se encontram ao longo de cada tema – não é preciso esforço, eles puxam-nos para lá, como sempre – e facilmente seremos envolvidos e começamos a detectar os pormenores, cada melodia subtil, cada passagem ambiental à Pink Floyd, cada viagem aos discos antigos como na faixa-título, uma surpreendente secção rítmica ocasional como em “Nightwalkers”, um cintilante pós-rock sujo pela rudeza de um pós-hardcore, como se sente em “Inland Rain”, “The Fall” ou na sonoridade geral dos Suecos, sem esquecer a quase interlúdica “We Feel the End”. Apesar de seguir por caminhos mais conhecidos, não é por isso que estas músicas ficam aquém. O legado continua a aumentar e se íamos à espera de uma nova irrefutável prova de genialidade, culpa dos discos anteriores, “A Dawn to Fear”, com tempo, pode muito bem vir a ocupar esse espaço.
A Dawn to Fear, Nightwalkers, The Fall
Neurosis, Isis, Process of Guilt