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Mais uma curta espera, os Darkthrone, banda menos afectada pelo dilema “lançar discos sem os poder levar para a estrada,” querem-nos sempre entretidos. E sempre muito bem entretidos, assumindo que já tenham passado os melindres à volta das suas mudanças estilísticas quando, após quase vinte álbuns, já se conhece o motto dos Darkthrone: eles gravam, editam e fazem o que bem raio lhes apetecer.
“Eternal Hails” mantém essa mesma filosofia, dando seguimento ao percurso já iniciado em “Old Star.” O sangue épico do heavy metal tradicional injectado de Bathory do “The Underground Resistance” muito naturalmente mutou para um sangue épico de doom metal de raíz, tão grandioso quanto obscuro, e injectado de umas boas doses de Celtic Frost. Tão próximo e, porém, tão afastado. E ainda mais dos tempos do matagal gelado de “A Blaze in the Northern Sky” e clássicos que o seguiram, mas com o suficiente para fazermos a ligação e sabermos que é um dos principais pilares do black metal como o bem conhecemos que está aqui a recriar, com categoria, a sua melhor versão de uns Candlemass ainda mais endiabrados.
A costela doom que deliberadamente quiseram explorar no anterior “Old Star” sobressai ainda mais em “Eternal Hails,” com a simplicidade que faz das longas malhas tão eficazes como se tivessem três breves minutos e com a inteligência que não o deixe ser tão uniforme e básico como possa parecer à primeira audição. A produção cavernosa confirma-se uma boa escolha para aprimorar uma sonoridade que já tinha tido sucesso no registo anterior, as influências de Candlemass e até Black Sabbath fundidas com as suas próprias, as de Celtic Frost e Bathory, que cabe sempre, são tratadas com o maior dos respeitos e os pormenores são enriquecedores: os sintetizadores subtis que vão dando ambiente como no fantástico clímax de “Lost Arcane City of Uppakra,” o cheirinho no acelerador de “Wake of the Awakened” e os minutos finais de “Voyage to a Northpole Adrift” que nos apanham desprevenidos, por não ser hábito ouvirmos sempre os Darkthrone pelos riffs e solos como os que fecham esse épico. “Eternal Hails” é mais um grande disco de uma dupla que sabe o poder e importância do riff, que se pode gabar de serem os mesmos que fizeram este sereno disco e a punkalhada suja de “The Cult Is Alive” e que tem um longo catálogo de múltiplas cores sem um único mau álbum, mesmo que tenham sempre que se seleccionar alguns para ficarem no fundo. Este é dos que automaticamente ganha mais rotações.
Wake of the Awakened, Voyage to a Northpole Adrift, Lost Arcane City of Uppakra
Celtic Frost, Candlemass, Mayhem