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Não saíamos daqui hoje se abríssemos o debate, entre todos, sobre quem era o mais essencial núcleo criativo dos Pink Floyd. No debate desenvolver-se-iam egos semelhantes aos dos próprios e a resposta demasiado simplória e corriqueira de se dar, que é a de que a junção dos dois é o que realmente fazia a coisa funcionar, não é a mais fixe de se dizer. Portanto avançamos essa parte para a apreciação de um novo disco de David Gilmour, “Luck and Strange.”
Que pega logo no tal factor “identidade” quando falamos de uma lenda. Conhecemos logo as vozes. A dele e a da guitarra. É a primeira viagem para o universo Pink Floyd que sabe tão bem a quem ainda tem saudades. E o curioso é que tem vindo a agradar imensos desses fãs, mesmo que procure mais a simplicidade, mais blues e soft rock, e menos excentricidades – aí é caso para dizer que essa parte são cenas mais lá do outro. Sente-se na mesma que temos um disco de rock progressivo em mãos, mas sem pretensiosismos. “Scattered” pode ser, talvez, a coisa mais “Wish You Were Here” que aqui esteja e é claro que cada vez que Gilmour toca um solo lá vamos nós parar àqueles clássicos todos da década de 70. Mas, talvez de forma relaxada e pouco consciente, soltou-se um pouco dessas amarras que são… Apenas o legado de uma das maiores bandas de todos os tempos.
“Dark and Velvet Things,” por exemplo, com aquele hard rock cheio de blues e boogie. Podia estar no “Dark Side of the Moon?” Talvez sim, mas também podia ter sido feita pelos Deep Purple. Há mais “art pop” do que psicadelia, já que aquela dócil melodia de “Between Two Points,” com uma excelente performance vocal da filha Romany, até podia vir do “The Division Bell”… ou do “The Seeds of Love” dos Tears for Fears, por muito improvável que isso seja. Estas coisas dão-nos sempre espaço para disparatar um pouco. Que foi o que Gilmour não fez neste “Luck and Strange.” Feito em família, – letras da esposa e contribuições de voz e instrumentos dos filhos – a abordar temas de envelhecimento e mortalidade, nota-se que o fez como quis e porque quis e não porque tinha alguma coisa a provar como a voz daquela tal banda. O folk rock acústico e intimista de “Sings” e de “Yes, I Have Ghosts” resume bem o ambiente acolhedor deste disco, permitindo que haja sempre mais. Pink-Floydzices e tudo. Agradará e assentará bem o estômago de quem sente a falta de Pink Floyd novo na vida, de quem acha que o Roger Waters fala demais, e não só.
Luck and Strange, A Single Spark, Between Two Points
Pink Floyd, fiquemo-nos pelo óbvio