Def Leppard

Diamond Star Halos
2022 | Mercury Records, Bludgeon Riffola | Hard rock

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Isto da nostalgia pode ser tramado se não trouxer grande conteúdo e haverá muito por aí a perguntar-se quem precisava de um novo álbum dos Def Leppard agora. “Diamond Star Halos” merece o seu reconhecimento e distinção da nostalgia mais bacoca. Não só por soar a que os Britânicos estejam o seu mais divertido em décadas, mas porque se calhar até é dos seus mais variados. Há esforço neste relaxamento.

Dispensam apresentações mas se calhar, para situarmos devidamente esta novidade, temos que fazer uma revisão ao percurso. É quase só por questões temporais que foram inseridos na tal “New Wave of British Heavy Metal,” mesmo que também apresentassem como argumentos aqueles três primeiros discos de categoria. A “traição” deu-se com o enorme “Hysteria,” uma fonte de hinos que mostrava que não se iam juntar à loucura do glam só. Iam dominá-lo e encabeçá-lo. A década de 90 foi a mais conturbada e de tiros ao lado, com paupérrimas tentativas de reinvenção e adaptação a modas como “Slang” e “X” e  seguiram-se mais alguns registos modernos de digestões variadas – fora algum ponto baixo ou outro, até podemos ter já o “Songs from the Sparkle Lounge” em melhor consideração, porque não? Neste ponto, que outras reinvenções quereríamos deles? Então celebre-se o que são e até podemos gozar que os seus fãs restantes são gajos que ainda insistem em usar uma mullet, mas os Def Leppard são grandes e de valor e temos que lhes reconhecer os charmes. Mesmo que a linha entre o encanto e a auto-paródia seja muito fininha. Lembram-se da “Let’s Go” no anterior auto-intitulado e como era só uma “Pour Some Sugar on Me” com bigode e peruca muito pouco convincentes? Pronto, tudo bem, é nessa linha fininha que queremos andar afinal.

E pode não ser tão descarada, mas “Fire It Up” pode bem ser a “Let’s Get Rocked” de 2022 e aqueles três bangers iniciais do disco são o mais Def Leppard que soam desde o “Adrenalize.” Com várias facetas. Há as rockalhadas alegres e com excessos de açúcar e há o lado suave porque também abusam bem do seu próprio estatuto baladeiro – outra “Bringin’ on the Heartbreak” ou “Love Bites” é que não há, mas também já não dá para isso, venham de lá mais irmãs da “When Love & Hate Collide” só para saciar uma larica. Também fogem para o country, tendo já conquistado fãs suficientes nessa área para sentirem que ainda lhes devem algo e talvez as ofertas mais explícitas sejam os dois duetos com a talentosa Alison Krauss, que deve ter alguma lista de veteranos lendários do hard rock com quem colaborar e para ir fazendo check. Nem ideia do porquê de termos uma hora e quinze faixas, mas perdoemos. Também não se entende de onde vem a inspiração meia progressiva de “From Here to Eternity,” mas até que estamos surpreendidos e agradados com esta novidade. Portanto já se justificou a existência disto e até nem soam propriamente a uns velhos quaisquer. Longa vida, que esta diversão também faz falta!

Músicas em destaque:

Take What You Want, Fire It Up, From Here to Eternity

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Whitesnake, Journey, Bon Jovi


sobre o autor

Christopher Monteiro

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