//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Com um artista destes, para introduzir um breve comentário sobre o seu novo “Lightwork”, quase se sente uma necessidade de nos localizarmos, cada um de nós, no espectro da adoração a um músico como Devin Townsend. Ou entra-se logo para a bajulação e para o uso solto e gratuito da palavra “génio” ou então troca-se por “sobrevalorizado,” critica-se a grandiosidade das suas composições mais ambiciosas como se fosse uma banda sonora Disney mais pesada e ainda se sacode os ombros em confusão ao que é em nome próprio ou de “Devin Townsend Project” e isso esquecendo ainda os dois discos lançados como “The Devin Townsend Band.” Tem que haver os dois extremos ou podemos, aqui pelo menos, ser razoáveis?
Pendemos para o mais elogioso, claro, e de vez em quando até a nós escorrega alguma referência ou outra à sua tal “genialidade,” pese essa palavra quanto pese. Sempre profícuo e variado, teve em “Empath” aquilo que parecia ser um culminar de toda a sua carreira, – isso já tinha ele feito antes, ao vivo – sítio onde depositar toda a sua excentricidade. Entretanto, vêm um “The Puzzle” e um “Snuggles” pelo meio, que não passaram por estas páginas. Trabalhos ambientais, algo que também não é novidade no seu repertório. E que terão servido como uma espécie de botão de “restart” para redefinir tudo para o bem mais simples “Lightwork.” Ele avisou-nos que seria um álbum bem mais orientado para as canções e até nos assustou com a palavra “poppy.” Mas não mentia. “Lightwork” será um dos seus discos mais acessíveis, entre o colorido e o melancólico nas suas melodias, levezinho e, lá está, pop. Pronto, caia lá o carmo e a trindade, como se Townsend fosse um músico uniforme.
Não é novidade, consta que a malta ainda goste bastante do “Addicted” e não é por isso que “Lightwork” seja um trabalho simples, aborrecido ou sequer despido. Soa tão experimental nas texturas como sempre, mesmo quando se debruça em pop ou indie e guie sempre a canção para o refrão que nos cole, como em “Moonpeople” ou “Call of the Void.” Deixa entrar peso e sinfonia em “Lightworker,” a que realmente podia ser alguma sobra de um álbum anterior, e lembra-nos que os seus experimentalismos são muitas vezes difíceis de descrever como em “Heartbreaker” ou “Dimensions,” ou surpreendentes viagens como o paraíso tropical de “Vacation.” Não há conceito marado e febril, nem Ziltoid e até mesmo pouco barulho, – há riffs distorcidos por aí, na mesma – mas há um álbum bizarramente dócil. O próprio Devin polariza a sua base de fãs, com cada um a seleccionar os seus predilectos em oposição a outros que quase despreza, que podem ser os mesmos, mas em posições invertidas, para o outro fã ao lado. “Lightwork” até pode abrir mais um subgrupo de fãs. Ou então traz um pouco de tudo, para todos, na mesma. E relembra que Devin Townsend não é só um músico excêntrico. Também é um excelente songwriter.
Lightworker, Dimensions, Celestial Signals
Preencher com projectos/nomes de Townsend a gosto.