A aclamação aos Earth Drive sente-se desde o anterior “Stellar Drone” que ainda só data três anos, mas o trabalho da banda de Montijo já o antecede em muito tempo e, tanto antes como depois desse disco, ficaram imensos litros de suor por palcos pelo país fora para estabelecer a banda no panorama psicadélico, alternativo ou pesado. É por isso reconfortante saber que “Helix Nebula” chega como o novo trabalho de uma banda com alguns méritos já reconhecidos.

Isso faz com que facilitem ou abrandem na hora de apresentar uma nova proposta? Nada. Ultrapassam todas as camadas da nossa atmosfera para um disco coeso que segue os psicadelismos do disco e EPs que o antecedem, com algumas novas inserções e aperfeiçoamentos, e um consciente novo cuidado no alinhamento e ligação entre temas, para um fio condutor que, ainda por cima com toda esta toada espacial, podia ser um álbum conceptual. E as palavras que mais se devem ler ao pontapé em tudo o que seja críticas e entrevistas referentes a “Helix Nebula” serão “viagem” ou “paisagem” às quais realmente não dá para escapar. Auxiliados por drone, pós-rock, shoegaze, tudo o que ajude ao factor atmosférico, as interligadas canções não nos vão deixar no mesmo sítio onde inicialmente estávamos.

A evolução não se fica só pelo conceito ou pela parte estrutural, também se sente nas malhas, com um avanço na capacidade de escrever temas com maior acessibilidade, mantendo intacto qualquer peso – os riffs de “Dharma Throne” ou “Science of Pranayama” rasgam bem e não trazem muita simpatia – ou factor ambiental, que também se aprimora aqui. Há é nova aclamação a fazer ao seu sentido melódico e à estupenda performance vocal de Sara Antunes que, com uma voz feminina aliada a riffs da família stoner e doom, consegue contornar qualquer comparação internacional a ondas musicais contemporâneas. No geral, um exemplo de evolução, de demonstração de trabalho feito. Quer sejam espaciais, espirituais, esotéricos, ou até mesmo quotidianos, já deu a entender que o nosso planeta e até mesmo a galáxia parece ser pequena para as ideias dos Earth Drive. Então, já a partir daí, era fixe que começasse pelo menos a ultrapassar as nossas fronteiras.