//pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
Os Earthless, Californianos senhores de longas jams, surpreenderam todos há quatro anos atrás quando lançaram “Black Heaven,” um álbum com canções mais convencionais. Com voz e tudo. Já passaram quatro anos e muitos ainda não se habituaram à ideia e foi ainda nesse processo que chegou “Night Parade of One Hundred Demons.” Seria o disco anterior um virar de página definitivo na carreira e sonoridade dos Earthless? Seria uma experimentação temporária?
Se voltarão a essa abordagem mais directa, não sabemos, já que “Night Parade of One Hundred Demons” é um regresso aos monstros instrumentais, de tão bem estruturado improviso, sem fillers ou tempos mortos, cheio de ambição despretensiosa, de poucos e longos temas e muitos riffs. E de exímia execução, fazendo frente ao petardo impressionante que foi “From the Ages” há já quase uma década atrás. Temos ali uns cinco minutinhos introdutórios para nos prepararmos e segue a viagem: três temas, com apenas o primeiro a ficar abaixo dos vinte minutos. Uma parada de demónios e de riffs que se segue, recorrendo à repetição quanto precise, mas enriquecendo sempre com os solos em controlo, não com técnica gratuita, mas a realmente “cantar” os temas. Desta vez com a guitarra de Isaiah Mitchell e não a sua voz, como na experiência do álbum anterior. Uma fase inicial calma na segunda faixa ali a lembrar algo dos Earth – e sai a risada seca pelos Earthless fazerem algo a soar a Earth – e a cavalgada do tema final e temos uma jam de uma hora que, mesmo nessa estrutura, consegue ser memorável.
Um regresso aos bons hábitos psicadélicos, sem tirar qualquer valor à faceta experimentada anteriormente, mas ainda existe imenso gás neste estilo dos Earthless, que lhes constitui uma identidade tão forte. Leva-nos para a parada com eles e conta-nos uma estória através da sua música instrumental: todo o tema baseia-se numa autêntica lenda folclórica Japonesa que consiste mesmo numa parada de cem demónios, espíritos e criaturas ruins que desfilam anualmente e mata ou colhe instantaneamente quem tiver o infortúnio de a ver. A música até soa mais animadora que isso, mas quem diz que a parada não é festiva e que também não exista uma toada doom mais obscura sobre a música dos Earthless, sem a cobrir inteiramente de névoa, – fumaça, essa sim há muita – a contrastar. A gente, por aqui, lá vai dar mais uma voltinha com eles, na esperança que os demónios sejam simpáticos, e vimos já.
Todas as três faixas
Black Bombaim, Øresund Space Collective, Blown Out