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Dali da zona de Hertfordshire, na Inglaterra, e com sotaques bem carregados, saíram uns putos que gostavam de misturar electrónica com uma agressividade punk e hardcore, algo que nem sequer era novo, muito menos naquele país. Tinham uma abordagem bem mais juvenil na raiva com que o faziam, estabelecendo-se na cena como uma proposta promissora mas que ainda não nos deixava adivinhar os passos enormes que dariam na sua evolução. O formato quase orquestral deste “Nothing Is True & Everything Is Possible” seria um choque, se não fossem já mais de dez anos e meia dúzia de discos a contar a história de quatro miúdos Ingleses, muito social e politicamente conscientes, que se estabeleceram na cena alternativa Britânica com estouro e identidade.
O som dos Enter Shikari foi evoluindo, com um paralelismo entre o aumento dos experimentalismos e da acessibilidade das suas melodias, algo aparentemente contraditório. Se a garra toda do pós-hardcore dos seus tempos iniciais vai ficando para trás e dando lugar a uma sensibilidade mais pop, mais indie, mais em contacto com o seu conterrâneo britpop, as experiências electrónicas vão ficando cada vez mais excêntricas para não os acusarem de se vender ou de fazer canções mais “straightforward.” “Nothing Is True & Everything Is Possible” pelo meio das suas cantaroláveis e dóceis “{The Dreamer’s Hotel},” “T.I.N.A.” ou “satellites* *” tem alguma da sua mais distorcida e criativa electrónica. A disposição e títulos das faixas representam bem o grau de excentricidade que se ouve ao longo de todo o disco, muito capaz de ser o mais ambicioso do crescente repertório dos Ingleses, quando sempre foi essa uma das mais vincadas características da sua música, desde os raivosos e emocionais inícios.
Nem é só de forma figurativa que se compara o disco a uma orquestra pela tal disposição e títulos de algumas faixas, os arranjos de “Waltzing Off the Face of the Earth” são mesmo sinfónicos e a surpreendente “Elegy for Extinction” é mesmo inteiramente uma peça orquestral. Como prova dos níveis a que querem levar a sua composição e criatividade, isso além de toda a electrónica, wub, dubstep, até mesmo vaporwave (!) se for preciso, com aquele rap em protesto de voz e sotaque imediatamente reconhecível a levar-nos para qualquer outro registo dos Enter Shikari. Também não se perde o sentido crítico das letras, agora menos agarradas a um conceito como em “The Spark”, mas sem deixar as preocupações ambientais, políticas, com preocupação pelo futuro e críticas ao cancro das redes sociais. Tudo soa indubitavelmente a Enter Shikari. É possível que tenham atingido o seu pico em “A Flash Flood of Colour,” disco que apresentou os Enter Shikari adultos mas a manter um esgar rufia? É, se calhar não superam a perfeita fusão e criatividade desse, mas têm mais uma grande proposta, e mesmo com ambições perigosas, ainda não dão passos maiores do que as pernas e só impõem o seu nome ainda mais no panorama alternativo actual.
{The Dreamer’s Hotel}, Waltzing Off the Face of the Earth, Elegy for Extinction
The Qemists, Hacktivist, Don Broco