Ethereal

Downfall
2024 | Independente | Metal progressivo, Doom metal gótico

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O português não pode nem deve perder a esperança. Já é algo muito entranhado no seu ADN, mas também existem provas para esse reforço no nosso underground. A qualquer momento, alguma banda que tenha deixado saudades pode voltar e brindar-nos com um disco que chega com uma força, que nem parece que se passaram quaisquer anos entre edições. E, assim a brincar, já quase se iam completando duas décadas desde o interregno discográfico dos Ethereal e este novo “Downfall.”

Uma reunião a sério, com um alinhamento bem próximo do original. E com um novo álbum a sério, que “Downfall” revela tamanha boa forma, que sabemos que isto não foi feito por obrigação. A paixão por isto voltou mesmo a ser despertada nestes músicos que, pelo meio do longo hiato, nunca estiveram parados. Para aqui souberam como canalizar a sua marca de metal progressivo que mescla bem a vertente tradicional com algo um pouco mais extremo. As vozes guturais de Hugo Soares em convívio com o cantar mais angelical e aprazível de Cristina Lopes é um exemplo. Riffs densos banhados de uma camada sinfónica mais subtil é outro. E, contudo, essa descrição pode fazer soar um alarme que desactivamos muito rapidamente: não soam a bandas que estejam a pensar que sejam desse estilo.

O doom gótico e progressivo dos Ethereal já é da sua própria marca e já se conhece, mesmo com as referências de Paradise Lost ou Katatonia bem salientes. A faixa-título, chave que fecha este disco, traz Anathema e não podemos deixar de reparar também na potência da voz limpa de Hugo Soares, cuja referência e reminiscência nos faz questionar o que pensará ele da suposta reunião dos Nevermore que andam lá a preparar. E com essa sonoridade estabelecida, o que torna “Downfall” tão mágico é a sua dupla faceta, a forma como tanto é agressivo como melódico. Pode dizer-se que “Downfall” seja um equivalente sonoro à velha ilusão óptica de dupla percepção: da mesma forma que, ora vemos a velha ou a jovem, dependendo da forma como olhamos para a imagem, também ouvimos “Downfall” como uma bela obra melódica que até tem algo de acessível, ou uma agressiva vertente extrema desta música gótica que se deixa dominar também por raiva. Dependendo de como o ouvimos. A constante é que é bom sempre.

Músicas em destaque:

The Allure of Daryah, Turmoil, Downfall

És capaz de gostar também de:

The Gathering, Draconian, Anathema


sobre o autor

Christopher Monteiro

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