Evergrey

Theories of Emptiness
2024 | Napalm Records | Metal progressivo

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Trinta aninhos de carreira e nunca tiveram um interregno discográfico. Os Evergrey, ultrapassada a necessidade da apresentação, também não querem que se esqueçam deles. A malta não esquece. Os fãs antigos, mais desapontados, também não esquecem que já existiu uma aura mais mística e quase gótica no metal progressivo deles. E sabem que hoje estão no seu mais directo e menos desafiante. “Theories of Emptiness” segue nessa vertente.

A apresentação é feita de imediato. “Misfortune” besunta bem aquele refrão de mel; “Falling from the Sun” já acompanhava a parte melódica com um riff que até tem o seu quê de grosseiro. Então é ao que os Evergrey andam a soar há uns bons anos. É mau? Claro que não. Mas se realmente sentem a falta do “Solitude, Dominance, Tragedy” podem, realmente, ficar por aqui. Apesar de tudo ainda há melancolia na música dos Evergrey. Tanta que já começa a ocorrer a possibilidade de arranjar uma referência compatriota estapafúrdia e encontrar neles uma espécie de primos mais voltados para o power metal dos Katatonia. Soaria mais disparatado ainda, se o Jonas Renkse não andasse mesmo por aqui, em “Cold Dreams,” uma das faixas de destaque do disco. E aquela “Ghost of My Hero” realmente atira-se de cabeça para a melancolia e para o açúcar mais emocional. A sério, o riff da “We Are the North” até podia estar no “Night Is the New Day” e tudo!

De resto, o álbum é Evergrey como já nos habituamos recentemente. Sólido, a aguentar bem a sua duração, bem mais repleto de canções directas, de refrão grande – “One Heart” é para cantarmos todos! – e riffs tão modernizados que até temos, às vezes, que verificar o quão longe andarão do djent. Poucas aventuras, mesmo que ainda sejam capazes de sacar de épicos, performances vocais e instrumentais impecáveis, e uma capacidade incrível de fazer tanto refrão pegajoso que quase nos distrai da outra parte: têm essa lamechice toda mas os riffs são pesadões! No final, uma outro curta com uma espécie de narrativa a resumir e a concluir, quase como o lembrete de ainda serem uma banda progressiva, mesmo que isso esteja a ficar cada vez mais para trás. Os próprios Evergrey podiam estar a deixar-se ficar para trás, mas ainda conseguem assinar álbuns de respeito, com a noção de que já não será tempo para clássicos e, a chegar quase aos quinze registos já editados, fazer isto devia ser bem mais difícil.

Músicas em destaque:

Say, We Are the North, One Heart

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Fates Warning, Threshold, Redemption


sobre o autor

Christopher Monteiro

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