Fear Factory

Aggression Continuum
2021 | Nuclear Blast | Metal industrial, Groove metal

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Chateia-nos sempre. Lá vem o drama interno numa banda que gostamos e, antes de ficarmos a olhar a lados e a ver quem realmente tem razão, estamos a suspirar de impaciência e a revirar os olhos, enquanto questionamos qual a necessidade disso. Queremos ouvir música para desanuviar dos nossos problemas e, afinal, de vez em quando também temos que levar com os problemas deles. Que às vezes até atrasam a chegada da dita música às nossas mãos. Nem os Fear Factory escaparam aos melindres, Burton C. Bell vai embora e lá tiveram que haver as batalhas legais para azedar tudo ainda mais. Tudo isso atrasou o lançamento de “Aggression Continuum” e nós aqui à espera.

E esperámos. Esperámos e lá levámos com todas as notícias dos sites especializados, a actualizar-nos em relação às turras entre Bell e Dino Cazares. Chega o disco, chega o que interessa, até já precisávamos dele para descomprimir do quão stressante andava a ser acompanhar a banda. Não nos atiramos a “Aggression Continuum” com curiosidade, dado que as inovações que tinham a fazer, já as fizeram no seu início, desenvolveram a sua marca de “cyber metal” ou “Pantera industrializados mais melódicos” e desde então não mexem muito e a coisa, fora aquele período em que andavam a escorregar mais para o nu metal, já está meia automática. Que venha um riff daqueles, cheio de groove, assim bem grosso e rápido. Burton C. Bell ainda é o vocalista no álbum portanto que venha a berraria balançada com o refrão limpo. Venham malhas novas. Respire-se, sem pensar nas disputas legais entre eles: está cá tudo.

Se toda a confusão prévia e até a aceitação de que isto agora é praticamente sempre dentro do mesmo faz baixar a expectativa, até é uma boa estratégia. Faz sobressair a competência deste “Aggression Continuum,” a força das suas malhas, o poder do refrão, ajuda a abraçar os momentos em que preferem ter os sintetizadores a recriar sons sinfónicos em vez de industriais mais cibernéticos e impõe-se sem ser daqueles álbuns em piloto automático que mal damos por eles a tocar. Ajudará a deixar saudades de Burton C. Bell, com uma performance exímia, com ambos registos vocais ainda no topo da forma. E se calhar, afinal, até se aguentaria mais um ou outro destes. Para já, se é uma despedida da banda ou apenas de uma parte nuclear dela, não é nenhum clássico, sequer perto disso, mas é uma boa nota final.

Músicas em destaque:

Recode, Aggression Continuum, Fuel Injected Suicide Machine

És capaz de gostar também de:

Divine Heresy, Mnemic, Ministry


sobre o autor

Christopher Monteiro

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