Fleshgod Apocalypse

Opera
2024 | Nuclear Blast | Death metal sinfónico

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Se as habituais extravagâncias, que vão além das fatiotas a rigor, e os exageros sinfónicos da tão grandiosa música dos Fleshgod Apocalypse não costuma ser do vosso agrado – pode não ser o estilo de preferência, ou podem mesmo sentir-se defraudados desde o “Oracles” – não será um novo disco intitulado simplesmente “Opera” que vos abrirá mais curiosidade. Os fãs, esses sim podem esperar boas surpresas.

Arrumar logo a ideia de que cederam totalmente à rock opera. A fonte de inspiração não é propriamente teatral – a abordagem, claro que é – mas sim o acidente de Francesco Paoli a escalar uma montanha, que quase lhe tirou a vida. Temos aqui uma nova visão sobre vida e morte. E também se dá as boas-vindas a Veronica Bordacchini, habitual membro de sessão nas vozes soprano, agora vocalista a tempo inteiro. Isso tudo traz novidades, sim. Que até podem ter recepções mistas, mas apresentam bons resultados. Não, a parte sinfónica não descansa, continua a sobrepor-se ao peso muitas das vezes. Mas, mesmo com isso, será o disco mais acessível dos Italianos, com mais foco na canção e até no refrão bem chorudo. Os Fleshgod Apocalypse procuram, e talvez encontrem, um improvável ponto em que o brutal e pesado, o sinfónico e over-the-top, e o melódico e catchy se consigam realmente encontrar.

Um factor que ajuda muito é mesmo a bem mais sentida omnipresença de Veronica. Que apresenta aqui muitos mais estilos vocais. Limpos, melodiosos, capazes de carregar um refrão como o de “I Can Never Die” e até de desatar numa berraria como em “Morphine Waltz.” Com mais presença feminina, mais acessibilidade, tudo mantendo a teatralidade lá encima… Estará isto a aproximar-se de territórios de Epica ou Nightwish? Um bocadinho, sim. Mas com uma edge que essas bandas nunca tiveram. A “maneira Fleshgod” de o fazer, digamos assim. E é verdade que “Bloodclock” e “Matricide 8.21” até podiam ser mesmo deles, sendo esta última, e “Till Death Do Us Part,” talvez as mais melódicas, que nem uns Delain recusariam. “Opera” pode ser divisório mas coloca os Fleshgod Apocalypse à prova na hora de expandir a sua sonoridade. Afinal o quão acessíveis conseguem ficar sem perder aquele peso que nunca faltou, que fez cair queixos em “Agony” e “King”? Para já, têm em “Opera” um balanço perfeito. Mas não conseguimos prever o futuro de uma banda que, claramente, não quer ficar parada. A malta agora espera-os, com receio ou entusiasmo, a ver se se tornam uma espécie de novos Therion.

Músicas em destaque:

I Can Never Die, Pendulum, Morphine Waltz

És capaz de gostar também de:

Septicflesh, Carach Angren, Dimmu Borgir


sobre o autor

Christopher Monteiro

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