Fonte

Medomorfose
2024 | Raging Planet | Thrash/groove metal

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Quem espera sempre alcança. Já dizia o outro. É, a introdução podia ser assim meio forçada para meter a referência ao disco anterior. E foi, mas há pertinência na afirmação. Porque não foi preciso esperar muito. Nem pelo novo álbum, nem pela evolução dos Fonte, banda que vai mostrando o seu amadurecimento a uma velocidade galopante. A renovação dada até este “Medomorfose” é notável.

Como muitos seus vizinhos, têm aquela base típica de Linda-a-Velha e uns alicerces de thrash. Isso mantém-se sempre, a renovação é à volta. Distingue-se bem a identidade da banda, recebe-se finalmente a voz feroz de Paulo Gonçalves em disco e acompanha-se o grupo por uma bem emocional e colérica viagem introspectiva – a inspiração vai desde os nossos medos e inseguranças do dia-a-dia, a sentidas homenagens às vítimas da tragédia de Pedrógão Grande. “Medomorfose” até pode soar a um nome para o trajecto dos Fonte, se não soassem tão destemidos. E mesmo sendo um disco surpreendente, só apanhará desprevenido quem não foi ainda devidamente agitado por um dos explosivos espectáculos ao vivo da banda.

O thrash de “Medomorfose” toma variadas formas. A abertura “Ego” transmite algo de Exodus ali da era do “The Atrocity Exhibition” e faz-nos esperar uma espécie de ponte entre o thrash da velha escola e o mais contemporâneo. Carregadinho de groove e à vontade para experimentar várias velocidades – um trabalho camaleónico em “Alquimista” – e deixar o pontapé-para-a-frente desenfreado do crossover mais no pano de fundo. Quando até se preocupam com a canção e com a melodia. Se não era suposto haver aqui alguma coisa que soasse a Moonspell, terão que me desculpar, mas ali a “Comiserável” não devia deixar tomar aquela atmosfera, então. Apesar de tudo, é um álbum simples, que sacode a ideia de ficar a engonhar em algum momento e é feito para agradar o fã de thrash, de qualquer era. A magia até é essa. Essa e ver o que mais estará para vir e em quanto tempo. São o presente do nosso underground pesado e permanecerão uma fonte segura de thrash ecléctico. Pun semi-intended, vá.

Músicas em destaque:

Ego, Nuvem, Alquimista

És capaz de gostar também de:

Lamb of God, Ratos de Porão, Revolution Within


sobre o autor

Christopher Monteiro

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