Fu Manchu

The Return of Tomorrow
2024 | At the Dojo Records | Stoner rock

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A estreia destes Californianos já foi há trinta anos e já andavam eles a mandar riffs quase uma década antes disso. É daquelas coisas que se diz sempre nestes textos apreciativos para situar: há bem mais pica ainda nos Fu Manchu que em muitos com metade do percurso. E “The Return of Tomorrow” – o título é a piscar-nos o olho, como quem diz que isto ainda está a começar ou quê? – trá-los de volta após a sua maior fenda discográfica.

A fórmula dos Fu Manchu, o seu stoner barbudo, é bastante straightforward, mas nada os impede de experimentar umas coisas novas. O anterior “Clone of the Universe” até fechou com uma surpresa: uma longa jam de quase vinte minutos, algo que não era hábito. Seria indicativo desta novidade, estariam agora os Fu Manchu, a esta altura do campeonato, à procura de ser os novos Earthless? Não, voltam as rockalhadas directas, as malhas para quem ainda está a abanar a cabeça com a “Evil Eye,” o refrão gordo para quem ainda está a cantar a “Squash That Fly.” E riffs bem fortes, que isto do stoner rock vive disso e, um termo como sludge – tão repudiado por tantos – até pode ser exagerado, mas a forma como “Haze the Hides” entra, à bruta, e com aquele baixo, até faz lembrar os 16 nos seus velhos tempos. Pronto, estamos satisfeitos. Mas calma, que afinal há mesmo surpresas.

Scott Hill, homem a cargo da voz e de uma das barulhentas guitarras, quis fazer uma coisa gira. Um álbum duplo – dois breves discos, algo que agradecemos, que não deixa o total exceder-se – que divide duas sonoridades. As tais malhas de stoner fumarento e de ir açapar para o meio do deserto estão no primeiro. Uma parte mais suave, fuzzy, meia ácida fica para a segunda metade. Não é território novo, mas Hill quis mesmo separar as águas e dar-nos uma coisa de cada vez, afirmando que é assim que ele gosta de ouvir as coisas, admitindo que se calhar é o único. Então o lado mais jam, que deixa entrar um pouquinho de Pink Floyd, a culminar no proggy space rock da conclusiva “High Tide,” já tem uma envolvência diferente. A parte alucinogénia da trip, a recuperação após a secura de garganta e perda de saliva por cantar a “Roads of the Lowly” e por outras actividades fumarentas. A primeira parte acaba por ser a que “bate” mais, sim, mas não deixa de ser uma ideia tão ambiciosa quanto simples, que resulta, e que mostra como os Fu Manchu ainda são criativos mantendo-se iguais a si próprios.

Músicas em destaque:

Loch Ness Wrecking Machine, Roads of the Lowly, Solar Baptized

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Kyuss, Clutch, Orange Goblin


sobre o autor

Christopher Monteiro

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