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Compreende-se que o hype por um novo trabalho dos Gorillaz hoje em dia seja bem mais contido que há uns bons anos atrás. A “culpa” até pode ser também da estreia homónima e “Demon Days” serem clássicos indiscutíveis deste milénio. Mas o próprio projecto também encontrou os seus solavancos com trabalhos viciados em convidados a tornar-se esquecíveis.
“Humanz” é exemplo de um álbum que acabou por se engolir a si próprio nesse vício algo auto-indulgente e a experiência “Song Machine,” – que se compilou numa “Season One,” implicando que haverá mais – mesmo com várias propostas de interesse, teve ambição em manter-nos uma atenção e acompanhamento que nem sempre conseguíamos. “Cracker Island” já ganha pontos por ser tão honesto. Não é uma reprodução dos dois primeiros, mas talvez seja dentro do que se espera de um excêntrico projecto como os Gorillaz, nos dias de hoje, mais rendidos à electrónica e com uma abordagem muito “dreamy” do seu synthpop. E com mais naturalidade nos convidados, que não entram em excessos, não roubam (sempre) protagonismo e divertem-nos com a sua variedade. Dos Tame Impala ao Thundercat. Da Stevie Nicks ao Bad Bunny.
E o foco acaba por recair em Damon Albarn e no quarteto animado que já conhecemos e estimamos tanto como se fossem gente. Claro que não dá para evitar que a voz de 2-D envelheça juntamente com a de Damon Albarn, mas não quebra qualquer ilusão e ainda nos aproxima dos tempos de glória dos Gorillaz. Quem se chega mais à frente são Bad Bunny, a regar totalmente “Tormenta,” na qual não se limita apenas à voz, de influência latina, prometendo recepções mistas; e a colaboração dos Tame Impala que pintam “New Gold” de cores mais psicadélicas, partilhando a luz da ribalta com Bootie Brown, cuja voz já conhecemos bem de “Dirty Harry.” Já pesos pesados como Stevie Nicks ou Beck deixam-se ficar mais para o pano de fundo, como se fosse só para dar prestígio, e todo o mérito da canção está nela própria. “Cracker Island” pode ter o seu quê de retrocesso e até de “manso,” no que à ambição de Albarn diz respeito, em relação a este projecto. A sua electrónica fá-lo remontar mais ao “Plastic Beach,” outro grande disco e também tem algo do simples “The Now Now,” flúor de lavagem pós-Humanz. “Cracker Island” é álbum para assentar, desfrutar e ao qual dê para recorrer em alguma ocasião em que não queiramos ir aos três primeiros, para os deixar descansar um pouquinho.
Cracker Island, New Gold, Skinny Ape
The Avalanches, Hercules and Love Affair, Run the Jewels