Grave Digger

Bone Collector
2025 | Napalm Records | Heavy/power metal

Partilha com os teus amigos

Pronto, a capa é o que se vê. Infelizmente, parece que o assunto é muito corrente e, até verem que isso não vai lá muito longe, a moda passar, ou der um treco de vez ao Patrick Mameli dos Pestilence, parece que vamos ter que levar com estas afrontas por um bocado. Pronto, atravessadas as más boas-vindas do primeiro que nos chega às vistas, ouvimos o disco, sempre com uma ironia muito pendente: com uma banda tão veterana como os Grave Digger, que já não tomam qualquer risco que não precisam, e já editam com conforto… Quando é que está ali bem à mão, no saco das pedras para arremessar, o calhau do “parece que foi pedido a uma IA para fazer um álbum de Grave Digger”?

É verdade que já não há qualquer invenção de coisa alguma para este “Bone Collector,” que é já o vigésimo-segundo (!) disco na carreira de 45 anos dos tão influentes Germânicos. Por serem uma referência tão grande no power metal Europeu – antes de ultrapassarem a linha dos açúcares perigosos com sintetizadores e mais loucuras em exagero – já conquistaram o direito de ligar um pouco o piloto automático, se ele ainda conseguir produzir assim umas malhas que dê para cerrar o punho e enfrentar um vendaval e até mesmo uma cavalaria, se não for demasiado numerosa. Não é só por serem uns velhos e sermos obrigados a respeitar. No que toca ao power metal teutónico, há mesmo alguma injustiça em ter os Grave Digger tão atrás da liderança dos Helloween. Os clássicos comprovam-no melhor que este “Bone Collector”? Com certeza, como com qualquer outra banda-dinossauro, mas os argumentos também estão aqui à “vista.”

É um disco que sabe disfarçar bem o que podiam ser as suas maiores fragilidades. Se a performance vocal de Chris Boltendahl ainda é um factor de inconfundível identidade, mas começa a acusar a sua idade sexagenária, há um fantástico trabalho de guitarra do recém-chegado mas experiente Tobias Kersting. E se realmente o estilo uniforme pode tornar tudo muito “samey,” tem que fazer temas valer por si e não têm medo que um bom refrão de hard rock corte o peso. E se isso de brincar ao “tradicional é que é bom” pode fazer ranger dentes, na verdade “Bone Collector” é uma legítima celebração do heavy metal mais old school. É com algo simples que os Grave Digger singram. E sempre foram daquelas bandas. Até pode haver alguma resistência inicial por serem “cheesy” em tantos aspectos mas, no final, estamos a abanar a cabeça e a lembrar-nos que os gajos são os maiores. “Bone Collector” não passará do meio da sua tabela e não tem qualquer coisa para competir com clássicos e até concorrência, mas atinge tudo nos alvos certos. Fica a faltar uma capa em condições.

Músicas em destaque:

The Rich the Poor the Dying, The Devil’s Serenade, Riders of Doom

És capaz de gostar também de:

Helloween, Blind Guardian, Running Wild


sobre o autor

Christopher Monteiro

Partilha com os teus amigos