Grave Digger

Fields of Blood
2020 | Napalm Records | Heavy/power metal

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A idade pesa. Ou devia. Os quarenta anos de estrada dos Grave Digger por esta altura já podia fazer deste “Fields of Blood” uma auto-paródia descartável, para quem anda a fazer heavy metal de raíz com tons épicos há tanta década. Ou se calhar, com noção e boa execução, após os tais quarenta anos, quem pesa ainda são eles e não a idade.

E há créditos que devem ser dados por uma coesão que já nem se esperaria. É que vão vinte discos e, fora o interregno entre as décadas de 80 e 90 após mudarem temporariamente o nome para Digger e tentarem uma mudança sonora muito mal recebida, a banda de Chris Boltendahl sempre foi muito regular nas suas edições. Álbuns tão seguidos e semelhantes que o seguidor menos ávido pode olhar para cada novo registo e reagir com um “Outro? Já?” E sim, já cá está mais um. Qual é a razão para voltarmos aos Grave Digger e prestarmos atenção a este “Fields of Blood”? Segurança, conforto, garantia. Nem sempre se procura o risco e quer-se apenas um heavy metal tradicional, épico, ali do berço do que era o power metal antes desse se afogar em azeite e perder a identidade. Podemos sempre recorrer a mais um disco dos Grave Digger e neste, chega ali à “Lions of the Sea” e já fomos buscar a espada para partir para a batalha e com “Freedom,” então, ainda somos um batalhão mas já estamos todos a cantar juntos.

Tudo no sítio, com tanto de bom como de previsível, sem dispensar a pincelada que distinga cada registo do outro. Nem que seja o conceito. “Fields of Blood” será o álbum mais orgulhosamente Escocês lançado por uma banda Alemã, focando-se na história da Escócia e trazendo as gaitas-de-foles como showstealers – a introdução e aquele solo da “Gathering of the Clouds”! Depois é saber a precisão com que usar a parte folk, a parte mais pesada com riffs mais thrasheiros, que esta malta inicialmente debitava speed metal mais despido, um riff tão glam como o de “Barbarian,” o progressivo mais pomposo para fazer da faixa-título um respeitável clímax de guerra e o abrandar melancólico, sem ficarem uns melosos românticos. Nesse último caso, sabemos que a voz de Boltendahl já não é a melhor para ser esse tipo de trovador, mas reforça-se com a Noora Louhimo dos Battle Beast e pronto, “Thousand Tears” torna-se um baladão daqueles. Que seja heavy/power metal pintado por números, – e com o sangue dos inimigos – é mais cativante e competente que o que podíamos exigir actualmente e ainda é fiável. E daqui a um anito ou dois já devemos ter mais outro.

Músicas em destaque:

Lions of the Sea, Thousand Tears, Fields of Blood

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Rage, Primal Fear, Sabaton


sobre o autor

Christopher Monteiro

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