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Pronto, haverá algo de reconfortante em ver que os Haken não vêm para aqui falar de mais vírus depois de terem previsto um há mais anos que o que conseguimos admitir. Se com esta “Fauna” querem sugerir que estamos todos, literalmente, entregues à bicharada, paciência. Há destinos piores. Musicalmente também há um afastamento. Talvez “Virus,” bem recebido que tenha sido, se tenha visto ali contido e encurralado na própria modernização do seu som, naquela rendição ao djent e àquele particular peso que, amplo e criativo que fosse, limitou-se. “Fauna” vem para perder estribeiras.
E traz surpresas. Tanto no que resgatam como no que apresentam de novo. Não sabemos quantas vezes alguém terá afirmado que “Fauna” é o melhor disco dos Haken desde o “The Mountain,” mas fica já assinalado aqui. E que até vai buscar muito do que tornou esse álbum especial. Não se despe de peso para se aproximar mais do prog rock clássico como nesse registo que já data de 2013, mas muita da sua abordagem, atmosfera e até conceito lembram esse aclamado disco, como até os próprios já confessaram. E por acaso até há mais coros assim meios à “barbershop quartet,” um dos encantos que se encontravam nesse álbum. O que há de novo é uma perda de medo – se é que alguma vez houve – de se voltarem para canções e arriscar torná-las mais acessíveis. O que parece um sacrilégio é, na verdade, o ponto mais forte de “Fauna.” Há pop e umas tremendas hooks neste prog metal modernaço. E nada de errado ou mal conseguido nisso.
Os singles surpreenderam – e terão alienado também – mas prometeram. O que podia ser um álbum acessível era, na verdade, muito variado, de construção inteligente e capaz de misturar algumas das canções mais memoráveis e com costelas pop com as composições mais longas e complexas. Ouvindo, habituando e entendendo o que vai na cabeça destes Ingleses é que ajuda a perceber de que forma é que uma “The Alphabet of Me” aqui é parente de uma “Elephants Never Forget” ou que uma “Sempiternal Beings” consegue abrir caminho para, mais tarde, montar-se a festa de “Lovebite.” A surpreendente aptidão para este lado pop da coisa e as fusões que são capazes de fazer com isso são do que aproximam este “Fauna” de “The Mountain.” É bom ter estes Haken de volta, quando os dois álbuns anteriores, maravilhosos que possam ser, podiam também antever estagnação e limitação. Os riscos de “Fauna” colocam-nos ao lado dos Riverside entre proggers que nos surpreenderam com discos novos este ano. E que nos puseram a cantarolar de formas que não esperávamos!
Nightingale, The Alphabet of Me, Elephants Never Forget
Leprous, Between the Buried and Me, Riverside